Investigação conduzida pelo Ministério Público Eleitoral (MPE), que resultou no pedido de cassação dos registros ou diplomas do prefeito de Chapada dos Guimarães, Osmar Froner (União Brasil), do vice Carlos Eduardo (PSD) e do vereador Gilberto Mello (PL), expõe um suposto esquema organizado de compra de votos, pagamentos irregulares e financiamento paralelo de campanha. Se a Justiça confirmar o conjunto de provas apresentadas, o resultado natural será a cassação dos envolvidos.
O MPE reuniu documentos, extratos bancários, comprovantes de PIX e depoimentos considerados decisivos, que apontam para um método estruturado de captação ilícita de sufrágio. Um dos nomes citados recebeu transferências de R$ 10.000,00 e R$ 32.500,00, operação incompatível com qualquer movimentação declarada nas prestações de contas oficiais.
AÇÃO JUDICIAL EXPÕE ESTRUTURA PARALELA DE CAMPANHA
A Ação de Investigação Judicial Eleitoral (AIJE), que tramita na 34ª Zona Eleitoral, aponta para a existência de um esquema organizado com o objetivo de garantir votos por meio de pagamentos diretos, promessas financeiras e cadastramento massivo de eleitores.
Um dos antigos coordenadores da campanha, Rogério de Araújo Pereira, formalizou em escritura pública a denúncia sobre a compra de votos mediante promessa de R$ 1.000 por família, além de listas completas de eleitores e anotações internas que indicariam distribuição de valores.
MAIS DE 100 FICHAS DE ELEITORES — E APENAS 4 CONTRATAÇÕES REAIS
A investigação identificou que os representados reuniram mais de 100 fichas de entrevistas contendo nome, endereço, telefones, cópias de documentos e, em vários casos, títulos de eleitor de familiares. Muitas fichas continham anotações suspeitas, como: “filha de família grande” e “+ família do Acorá. Pai, mãe +1. Já pegou R$ 200,00”
Entretanto, ao cruzar esse material com as prestações de contas, o MPE constatou que apenas 4 pessoas foram efetivamente contratadas, todas na campanha do vereador Gilberto Mello.
Nenhum nome das fichas aparece na prestação de contas do prefeito Osmar Froner.
Para o Ministério Público, essa discrepância comprova que as fichas não tinham finalidade trabalhista, mas sim controle eleitoral e mapeamento para compra de votos.
QUEBRA DE SIGILO BANCÁRIO REVELA OPERADOR FINANCEIRO E SAQUES SUSPEITOS
A investigação também destaca o papel de Guilherme Henrique de Oliveira Costa, o “Guila”, proprietário da empresa Guila Grill — contratada pela Prefeitura durante o período eleitoral. Ele teria atuado como “maleiro” da campanha.
A quebra do sigilo bancário revelou:
* Saques em espécie de valores elevados, incluindo um de R$ 50 mil.
* Diversos PIX para coordenadores, apoiadores e pessoas mencionadas nas fichas.
* Valores incompatíveis com qualquer movimentação declarada oficialmente.
Entre os beneficiados:
* A.G., administrador financeiro da campanha — R$ 12.570,00
* R.A., denunciante — R$ 3.000,00
* M.F., coordenadora — R$ 4.000,00
* R.M. — R$ 10.000,00 e R$ 32.500,00
* J.L., esposa de eleitor — duas transferências de R$ 2.500,00
O MPE sustenta que tais repasses indicam a existência de caixa paralelo (Caixa 2) destinado à compra de votos.
Pagamento Direto por Votos: Caso do Casal I.A. e J.L.
Um dos depoimentos mais contundentes envolve o casal I.A. e J.L.
Segundo o MPE, I.A. recebeu R$ 5 mil para votar no candidato Gilberto Mello, pagos em duas parcelas de R$ 2.500. As transferências teriam sido feitas por Guilherme Henrique diretamente na conta da esposa.
Os pagamentos ocorreram 15 dias antes da eleição e uma semana antes da eleição, reforçando a troca explícita de votos por dinheiro.
Os comprovantes foram anexados aos autos.
PROVAS APONTAM PARA ABUSO DE PODER ECONÔMICO E COMPRA DE VOTOS
A partir de fichas, anotações, extratos bancários, PIX e depoimentos, o Ministério Público sustenta que existia uma estrutura organizada para:
* Cadastrar famílias e mapear sua influência eleitoral
* Realizar pagamentos irregulares
* Comprar votos diretamente
* Movimentar recursos não declarados através de um operador financeiro
Para o MPE, esse conjunto de evidências configura:
Captação ilícita de sufrágio, gastos ilícitos de campanha, abuso de poder econômico, impactando diretamente a normalidade e legitimidade do pleito em Chapada dos Guimarães.
Se a Justiça seguir os indícios robustos apresentados, a cassação de Osmar Froner, Carlos Eduardo e Gilberto Mello torna-se não apenas possível, mas necessária para restaurar a integridade do processo eleitoral no município.


