Com as festas de final de ano, o consumo de bebidas alcoólicas costumam aumentar. Após os casos de intoxicação por metanol, a Secretaria de Estado de Saúde (SES-MT) reforça o alerta à população esse consumo. O momento demanda mais atenção para evitar a ingestão de produtos de procedência duvidosa ou adulterados. Nos últimos meses, foram registrados 15 casos suspeitos de intoxicação por metanol em Mato Grosso. Desses, seis foram confirmados, resultando em três óbitos. Oito casos foram descartados e um segue em investigação em Cuiabá.
A SES identificou 15 lotes de whisky da marca Ballantine’s Finest com indícios de falsificação, em que as garrafas originais teriam sido adulteradas com produto clandestino. A população deve sempre verificar rótulo, lote e data de fabricação antes de consumir bebidas alcoólicas e denunciar estabelecimentos que comercializem produtos suspeitos por meio do Fale Cidadão.
De acordo com Menandes Alves de Souza Neto, responsável técnico pelo Centro de Informações Estratégicas de Vigilância em Saúde (Cievs-MT), os sintomas da intoxicação por metanol podem ser enganosamente semelhantes aos de uma embriaguez comum nas primeiras horas, dificultando o diagnóstico precoce.
“Contudo, entre 12 e 24 horas após a ingestão, surgem sinais altamente sugestivos da intoxicação: visão embaçada ou escurecida, fotofobia, pupilas dilatadas, dificuldade para caminhar, respiração acelerada e profunda devido à acidose metabólica, confusão mental, sonolência extrema, convulsões e, nos casos mais graves, coma. A evolução pode ser rápida para cegueira permanente e danos neurológicos severos, tornando o atendimento imediato determinante para evitar sequelas e salvar vidas”, explicou.
O responsável técnico ainda informou que o Cievs atua em regime de prontidão permanente para detectar e responder rapidamente a eventos de saúde pública. “No cenário atual, o Centro coordena a investigação dos casos, orienta profissionais sobre condutas clínicas e exames essenciais, aciona o Lacen para a análise laboratorial e articula com o Ciatox Cuiabá [Centro de Informação e Assistência Toxicológica] para suporte toxicológico especializado. Essa atuação integrada fortalece a capacidade de resposta do Estado e reduz o tempo entre a identificação dos casos suspeitos e a adoção das medidas necessárias”, acrescentou.
A Pernod Ricard Brasil, importadora oficial da marca Ballantine’s Finest, apresentou documentação que comprova a autenticidade e regularidade dos produtos originais de parte dos lotes suspeitos. As evidências laboratoriais e periciais indicam que os casos estão relacionados ao reenvasamento clandestino de garrafas originais, e não a falhas na fabricação ou distribuição pela empresa.
Histórico de casos no Brasil
Os casos de contaminação por metanol no Brasil ganharam destaque após serem identificadas bebidas alcoólicas adulteradas com a substância, altamente tóxica e proibida para consumo humano. O metanol pode causar sintomas graves, como vômitos, dor abdominal, cegueira e até morte.
Foram confirmados 22 óbitos:
10 em São Paulo;
5 em Pernambuco;
3 no Paraná;
3 no Mato Grosso;
1 na Bahia;
Outros nove seguem em investigação.
Como se prevenir
A melhor forma de evitar a intoxicação por metanol é o cuidado com a origem do que você consome:
- Evite bebidas de origem duvidosa. Sempre prefira produtos com selo fiscal e rótulo, comprados em estabelecimentos confiáveis.
- Não consuma bebidas caseiras ou sem registro, especialmente em eventos ou comemorações.
- Fique atento a embalagens sem lacre, abertas ou alteradas.
- Lembre-se: o metanol não tem cheiro, cor ou sabor diferente do álcool comum, o que torna quase impossível identificá-lo apenas pelo paladar.

