O ministro do Turismo, Celso Sabino, anunciou nesta sexta-feira (26) que entregou a carta de demissão ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A medida é adotada após o partido do qual Sabino é filiado, o União Brasil, exigir a entrega do cargo em 24h ainda na semana passada.
Apesar disso, Sabino vinha tentando negociar a permanência na pasta. Ele pediu ao partido para esperar o retorno de Lula dos Estados Unidos, onde o petista estava desde domingo na 80ª Assembleia Geral da ONU.
Lula, no entanto, ao conversar com o ministro na manhã desta sexta-feira (26), pediu para Sabino continuar no cargo até a próxima quinta (2), quando o chefe do Executivo vai entregar obras da COP30 em Belém, no Pará.
“Tive uma conversa hoje com o presidente da República a respeito da decisão que meu partido, do qual sou afiliado tomou, e cumpri o meu papel. Entreguei o cargo. E recebi do presidente Lula um pedido: na próxima semana o presidente estará no estado do Pará para inaugurar boa parte dessas obras [da COP30] e ele pediu que eu participasse”, explicou.
Mesmo com a carta de demissão entregue, Sabino confessou seu desejo de continuar no cargo. “A minha vontade é continuar o trabalho que venho fazendo. Hoje entreguei a carta de demissão ao presidente, recebi esse pedido [do Lula], e o presidente foi muito cortês. Vou seguir conversando com as lideranças do meu partido apresentando as razões que eu tenho apresentado [para continuar no cargo]”, explicou.
O ministro aproveitou para destacar ainda os resultados obtidos sob a sua gestão. “Tem dado grandes resultados para a economia e o turismo do nosso país [o trabalhor realizado]. Um número bastante emblemático é o número de turistas estrangeiros no nosso país”, disse.
Segundo Sabino, esse ano o Brasil bateu o recorde de 7 milhões de turistas estrangeiros no país. “O ano ainda não terminou e nossa perspectiva é receber até o fim do ano 10 milhões de turistas estrangeiros. Também tivemos a geração de emprego: colocamos mais de 520 mil novas pessoas no mercado de trabalho no setor de turismo”, explicou.
Para Celso, “a política e os agentes da política têm que considerar esses dados esses avanços”.
Com a saída de Sabino, até Lula decidir o novo titular da pasta, assume a secretária executiva Ana Carla Machado Lopes.
Entenda
No dia 18 de setembro, o União Brasil aprovou, por unanimidade, uma resolução que dava 24 horas para que filiados ao partido deixassem cargos no governo. Atualmente, a sigla tem três ministros na gestão petista — além de Sabino, Waldez Góes (Integração e Desenvolvimento Regional) e Frederico de Siqueira (Comunicações).
Góes, oficialmente, é do PDT. Contudo, a indicação dele foi feita a Lula pelo presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), uma das principais lideranças do partido. Siqueira, embora não seja filiado ao União, também foi apresentado ao petista por Alcolumbre.
A determinação do União prevê punições em caso de descumprimento, sob a justificativa de infidelidade partidária. O posicionamento reforça decisão do início do mês, quando a federação formada por União e PP deixaram a base de Lula.
À época dessa primeira ordem, Sabino afirmou que seguia com o presidente, “apoiando iniciativas que geram emprego, renda e oportunidades para o povo”. A publicação nos canais digitais, no entanto, não citou a determinação das legendas — Sabino usou o post para comentar ações recentes à frente do ministério.
Mudanças na Esplanada
O ministro do Turismo será o 11º titular a sair da gestão petista. O primeiro nome a deixar o governo foi Gonçalves Dias, em abril de 2023. Ele chefiava o GSI e pediu demissão após imagens do circuito de segurança do Palácio do Planalto mostrarem que ele estava no prédio quando a sede do Executivo foi palco de atos de vandalismo em 8 de janeiro daquele ano.
Em julho do mesmo ano, a então ministra do Turismo, Daniela Carneiro, entregou o cargo, após disputas internas no partido do qual faz parte, o União Brasil. Ela, que é deputada federal, retornou à Câmara e é vice-líder do governo no Congresso.
Dois meses depois, foi a vez de Lula demitir Ana Moser, que comandava o Ministério do Esporte. A decisão do presidente fez parte de um movimento para aumentar o espaço do centrão no governo federal. A pasta do Esporte foi entregue ao PP.
Na mesma tacada, o petista deu o Ministério dos Portos e Aeroportos ao Republicanos e criou mais uma pasta federal na Esplanada, o Ministério do Empreendedorismo, da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte, para acomodar Márcio França, que estava à frente de Portos e Aeroportos.
Em fevereiro de 2024, Flávio Dino deixou o Ministério da Justiça e Segurança Pública para assumir uma vaga no STF. Ele foi substituído por Ricardo Lewandowski. Em setembro do mesmo ano, Sílvio Almeida foi demitido por Lula depois de denúncias de assédio sexual.
Paulo Pimenta, que comandava a Secom (Secretaria de Comunicação da presidência) saiu do governo em janeiro de 2025, após críticas de Lula à condução da comunicação do Executivo. Ele foi substituído pelo publicitário Sidônio Palmeira, responsável pela campanha eleitoral do presidente em 2022.
Em fevereiro deste ano, o petista demitiu Nísia Trindade do Ministério da Saúde e indicou Alexandre Padilha para substituí-la. Ele era o titular das Relações Institucionais e, com a ida para a Saúde, a pasta responsável pela articulação política do governo com o Legislativo foi assumida por Gleisi Hoffmann.
Em maio, houve duas baixas na Esplanada. Carlos Lupi pediu demissão da Previdência Social em meio ao escândalo das fraudes em benefícios de aposentados e pensionistas do INSS (Instituto Nacional de Seguridade Social). Ele foi substituído por Wolney Queiroz, que era secretário-executivo do ministério desde o início da gestão.
Dias depois, Lula demitiu a então ministra das Mulheres Cida Gonçalves, após insatisfações do petista com a condução da pasta e denúncias de assédio moral. No lugar de Cida, Lula nomeou Márcia Lopes.