O líder da Coreia do Norte, Kim Jong-un, chegou na segunda-feira (1º) em Pequim para participar de um desfile militar que marca os 80 anos da rendição formal do Japão na Segunda Guerra Mundial. A cerimônia, organizada pelo governo chinês, foi realizada na terça-feira (2) na Praça Tiananmen e contou com a presença do presidente da China, Xi Jinping, do presidente da Rússia, Vladimir Putin, e de mais de 20 líderes estrangeiros, sobretudo de regimes autoritários.
Kim viajou em seu característico trem verde, blindado e de velocidade máxima de 60 km/h, usado tradicionalmente pela dinastia no poder na Coreia do Norte desde seu avô, Kim Il Sung. Segundo relatos de inteligência, o trem é adaptado para circular em diferentes países vizinhos e pode alcançar até 90 km/h na China. O veículo possui quartos privativos, salas de reunião, restaurante, equipamentos de comunicação e espaço para dois carros presidenciais. Fotos divulgadas pela agência oficial KCNA mostraram o líder fumando ao lado de assessores, entre eles a ministra das Relações Exteriores, Choe Son Hui, e seu colaborador Jo Yong Won.
De acordo com a mídia estatal norte-coreana, Kim chegou a Pequim acompanhado também de sua filha Ju Ae e de autoridades do Partido dos Trabalhadores da Coreia do Norte. No salão onde se reuniu com membros de alto escalão, imagens mostraram um brasão dourado, cortinas azul e douradas, além de um laptop e telefone em sua mesa.
A visita ocorre após Kim inspecionar no domingo (31) uma nova linha de produção de mísseis na Coreia do Norte. Segundo a KCNA, “vários tipos de mísseis foram colocados em produção em série” e o ditador aprovou novos planos de longo prazo relacionados à capacidade bélica. Especialistas afirmam que a Coreia do Norte tem modernizado rapidamente suas forças armadas e reforçado laços militares com a Rússia, incluindo o envio de tropas para a guerra na Ucrânia.
A segurança em Pequim foi intensificada antes do desfile. Soldados foram posicionados em ruas e pontes, barreiras metálicas foram erguidas em avenidas e instalações artísticas foram distribuídas pela cidade com flores e símbolos da Grande Muralha da China acompanhados da inscrição “1945-2025”. Analistas militares apontam que o evento pode incluir a exibição de sistemas inéditos, como uma arma a laser de grande porte e embarcações navais não tripuladas.
A China pretende usar o desfile como demonstração de força militar e unidade internacional. Xi Jinping recebeu nos últimos dias outros chefes de Estado em Tianjin durante a reunião da Organização para Cooperação de Xangai. Moscou e Pequim ressaltaram que a parceria bilateral está em “um nível sem precedentes”, enquanto criticaram o comportamento dos Estados Unidos e a atuação ocidental na guerra da Ucrânia.
A presença de Kim no desfile será a primeira em seis anos ao lado de Xi e Putin em um mesmo evento. Desde 2011, o líder norte-coreano realizou apenas dez viagens internacionais. Após a pandemia, ele retomou a diplomacia em 2023, quando se encontrou com Putin no extremo leste da Rússia.
A cerimônia de quarta-feira (3) encerra uma semana de intensa atividade diplomática para a China.