Cuiabá, 11 de Setembro de 2025

INTERNACIONAL Quarta-feira, 10 de Setembro de 2025, 09:39 - A | A

Quarta-feira, 10 de Setembro de 2025, 09h:39 - A | A

restauram pântanos

Países da Europa ‘inundam’ regiões de fronteira para frear Rússia em possível guerra

R7

Países da Europa estão transformando áreas de fronteira em pântanos para impedir o avanço de tanques em uma possível invasão da Rússia. As informações são do jornal britânico Daily Mail e da agência de notícias France-Presse (AFP).

Na Finlândia e na Polônia, os ministérios da defesa planejam restaurar pântanos e turfeiras, áreas úmidas que dificultam a movimentação de veículos pesados, como tanques. A estratégia visa criar barreiras naturais contra um eventual ataque terrestre russo.

Segundo o Daily Mail, a medida é inspirada na Ucrânia, que, em 2022, abriu a barragem de Kozarovychi, no rio Irpin, inundando 2.800 hectares e transformando a região em um pântano que paralisou tanques russos que tentavam avançar sobre a capital Kiev.

Na Polônia, o projeto “Escudo Oriental”, com investimento de £ 1,9 bilhão (cerca de R$ 14 bilhões), inclui a expansão de pântanos e florestas nas fronteiras com Rússia e Belarus, além da instalação de campos minados em um trecho de 20 quilômetros, segundo a AFP.

O Ministério da Defesa polonês disse que o ambiente natural é um “aliado óbvio” para reforçar a segurança do país, que também planeja aumentar o efetivo militar de 190 mil para 300 mil soldados nos próximos anos.

A Finlândia, que concluiu recentemente o primeiro trecho de um muro ao longo da fronteira de 1.340 km com a Rússia, considera reumidificar turfeiras drenadas, especialmente áreas sem árvores, como medida de defesa e para cumprir metas ambientais.

Kristiina Lang, especialista em turfeiras do Instituto de Recursos Naturais da Finlândia, afirmou à AFP que 10% das terras agrícolas do país são turfeiras drenadas, responsáveis por mais da metade das emissões agrícolas de gases de efeito estufa.

Restaurar essas áreas, segundo ela, é “lógico” tanto para a defesa quanto para o combate às mudanças climáticas.

Europa em alerta

A União Europeia também está agindo. Em julho, o bloco anunciou um plano pioneiro para criar estoques estratégicos de bens essenciais, como alimentos, água, combustíveis e medicamentos, para enfrentar crises como pandemias, desastres naturais, apagões, ameaças nucleares ou químicas e até conflitos armados.

Batizada de “estratégia de estocagem”, a iniciativa é uma resposta às crescentes tensões geopolíticas, alavancadas pela guerra da Rússia contra a Ucrânia, e aos alertas da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) sobre a possibilidade de um ataque russo à aliança em até cinco anos.

A estratégia, que envolve os 27 países do bloco, busca garantir que itens indispensáveis para o funcionamento das sociedades e para salvar vidas estejam sempre disponíveis. “Quanto mais nos prepararmos, menos entraremos em pânico”, disse Hadja Lahbib, comissária europeia para Preparação e Gestão de Crises,

A restauração de pântanos também está nos planos do bloco. A UE planeja restaurar 30% das turfeiras degradadas até 2030 e 50% até 2050, reduzindo emissões de carbono e, ao mesmo tempo, reforçando defesas.

Em agosto, a Lituânia, país báltico que faz fronteira com Belarus e o enclave russo de Kaliningrado, anunciou a criação de um sistema de defesa em três escalões, projetado para atrasar, interromper e repelir possíveis invasões.

Antes, o país, ao lado da Finlândia, Polônia, Estônia e Letônia – que, juntos, compartilham cerca de 3.500 km de fronteira com Rússia ou Belarus –, retomou o uso de minas terrestres antipessoais para deter eventuais ataques.

Este mês, a França ordenou que a rede hospitalar do país esteja pronta para um possível cenário de guerra total na Europa. O governo instruiu os chefes de saúde a se prepararem para um “grande confronto” até março de 2026, com a expectativa de receber um número massivo de soldados feridos vindos de todo o continente.

De acordo com documentos obtidos pelo jornal francês Le Canard Enchaîné, o plano prevê que hospitais franceses se tornem centros de tratamento de vítimas de guerra, tanto das forças nacionais quanto das aliadas da Otan.

O Ministério da Saúde da França afirmou que a ordem tem como objetivo “antecipar, preparar e responder às necessidades de saúde da população, ao mesmo tempo que integra as necessidades específicas da defesa no campo da saúde”.

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