A agência de defesa civil de Gaza afirmou neste sábado, 4, que Israel realizou dezenas de ataques aéreos e bombardeios de artilharia contra a Cidade de Gaza, apesar do apelo do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para encerrar os bombardeios após o Hamas aceitar um acordo de cessar-fogo proposto por Washington.
O porta-voz da defesa civil de Gaza, Mahmud Bassal, descreveu a situação como uma "noite muito violenta". Bassal, cuja agência é uma força de resgate que opera sob a autoridade do Hamas, informou que 20 casas foram destruídas nos bombardeios noturnos. Os ataques resultaram em vítimas fatais e feridos.
O Hospital Batista da Cidade de Gaza, por exemplo, recebeu quatro mortos e vários feridos em decorrência de um ataque a uma casa no bairro Tuffah da cidade. Mais ao sul, em Khan Yunis, o Hospital Nasser de Gaza disse que duas crianças foram mortas e oito pessoas ficaram feridas após um ataque de drone atingir uma tenda em um acampamento para deslocados palestinos. A Defesa Civil do território palestino relatou que os bombardeios intensos de Israel mataram 11 pessoas em toda a Faixa.
Condições do plano
A escalada de violência ocorreu no mesmo fim de semana em que se esperava uma resposta formal ao plano de paz de Trump. Este plano, que conta com o apoio do primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu, estabelece um cessar-fogo, a libertação de reféns em até 72 horas, o desarmamento do Hamas e uma retirada gradual de Israel da Faixa de Gaza, após quase dois anos de conflito. O plano também insiste que o grupo islâmico palestino e outras facções "não tenham nenhum papel no governo" do território.
O Hamas havia afirmado na sexta-feira, 3, que estava pronto para libertar os reféns mantidos em Gaza, aceitando a fórmula de intercâmbio inclusa na proposta de Trump. O grupo anunciou sua aprovação para a libertação de todos os reféns, incluindo vivos e restos mortais, e pediu que fossem iniciadas "negociações" sobre os detalhes do acordo.
O porta-voz do Hamas, Taher al-Nounou, considerou a declaração de Trump "encorajadora" e se mostrou disposto a iniciar as negociações imediatamente. No entanto, o Hamas deseja negociar os detalhes e ter voz no futuro do território, com fontes indicando que o grupo gostaria de alterar algumas cláusulas, como o desarmamento e a expulsão de seus dirigentes.
Reações à resposta do Hamas
Em resposta à aceitação do grupo pró-Irã, Israel anunciou neste sábado, 4, que está se preparando para uma libertação rápida dos reféns e para a implementação imediata da primeira fase do plano de Trump. O gabinete de Netanyahu indicou que Israel seguirá trabalhando em plena cooperação com o presidente americano e sua equipe para pôr fim à guerra segundo os princípios estabelecidos por Israel.
Os principais mediadores, Catar e Egito, receberam as declarações do Hamas com satisfação, e líderes internacionais como o secretário-geral da ONU, António Guterres, e os líderes Emmanuel Macron (França), Friedrich Merz (Alemanha) e Keir Starmer (Reino Unido) saudaram a resposta como um passo importante em direção à paz.
Trump havia dado ao Hamas um prazo final até as 19h de domingo (horário de Brasília) para aceitar seu plano de paz, alertando em sua rede social que, se o "ACORDO FINAL não for alcançado, o INFERNO TOTAL, como ninguém jamais viu antes, será desencadeado contra o Hamas". Enquanto isso, as manifestações globais aumentam em todo o mundo, concentrando-se recentemente na interceptação de uma flotilha de ajuda humanitária destinada à Faixa de Gaza.