Cuiabá, 03 de Dezembro de 2025

ECONOMIA Quarta-feira, 03 de Dezembro de 2025, 09:28 - A | A

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diferença salarial

Quanto ganham os brasileiros? Renda varia mais que o dobro entre estados, aponta IBGE

Apesar de país alcançar maior rendimento médio da história, diferenças entre estados permanecem fortes: um trabalhador do Distrito Federal ganha, em média, mais do que o dobro de um do Maranhão

G1

O rendimento médio de todas as fontes dos brasileiros atingiu R$ 3.208 em 2024, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Esse é o maior valor já registrado na série histórica, iniciada em 2012.

O cálculo desses valores é feito com base na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Contínua. O levantamento analisa informações sobre os rendimentos provenientes de todos os trabalhos e de outras fontes.

Há 12 anos o rendimento médio era de R$ 2.935. Com isso, o avanço acumulado no período foi de 9,3%, apesar das oscilações provocadas por crises econômicas durante a pandemia.

Entre 2012 e 2014, houve alta consistente, chegando a R$ 3.123. Depois, veio a recessão: em 2017, a média caiu para R$ 2.997. Em 2020, o valor subiu para R$ 3.152, mas voltou a cair para R$ 2.888 em 2022, durante a pandemia.

A recuperação começou em 2023 (R$ 3.094) até chegar no recorde atual, impulsionada pela retomada econômica e reajustes salariais.

O rendimento médio considera tudo o que a pessoa recebe no mês: salários de todos os trabalhos e outras fontes, como aposentadorias, pensões, aluguel, benefícios sociais, aplicações financeiras e doações. É a soma dessas entradas que forma o indicador divulgado pelo IBGE.

Apesar do marco histórico, a média nacional não reflete a realidade heterogênea do Brasil. Quando olhamos para os estados, as diferenças são grandes.

O Distrito Federal lidera com R$ 5.037, seguido por São Paulo (R$ 3.884). Na outra ponta, Maranhão (R$ 2.051) e Ceará (R$ 2.053) têm os menores valores. Isso significa que um trabalhador no DF ganha, em média, mais do que o dobro de um trabalhador no Maranhão.

Essa disparidade reflete a concentração de empregos no DF (funcionalismo público) e setores de alta remuneração em SP (finanças e gestão).

 Mas as desigualdades vão além da geografia. Em 2024:

Homens receberam 27,2% mais que mulheres;
Pessoas brancas ganharam, em média, 65,9% mais que pessoas pretas ou pardas por rendimento hora;
No nível superior completo, a diferença entre brancos e pretos ou pardos chegava a 44,6%.

A nova edição da Síntese de Indicadores Sociais (SIS), mostra que, mesmo com o recorde de ocupação em 2024 (101,3 milhões de pessoas), mulheres e homens continuam vivendo realidades muito distintas no mercado de trabalho.

O estudo mostra que a diferença entre o percentual de mulheres e homens ocupados permanece praticamente estável desde 2012. Mesmo com maior escolaridade, apenas 49,1% delas estavam empregadas em 2024, enquanto entre os homens o índice alcançou 68,8%.

Quando conseguem emprego, as mulheres também ganham menos. Em 2024, receberam, em média, 78,6% do rendimento dos homens. Em setores como serviços e comércio, essa proporção cai ainda mais: elas chegam a receber apenas 63,8% do salário masculino.

A pesquisa também trouxe uma análise por grupos ocupacionais e revelou um cenário de forte desigualdade no mercado de trabalho brasileiro. No topo da hierarquia estão os diretores e gerentes, com rendimento médio de R$ 8.721 mensais.

Esses cargos concentram funções estratégicas e de liderança, geralmente associadas a empresas de grande porte e ao setor público.

Em seguida aparecem os membros das forças armadas, policiais e bombeiros militares, com média de R$ 6.749, e os profissionais das ciências e intelectuais, que recebem cerca de R$ 6.558. São funções que exigem alta qualificação ou oferecem estabilidade, fatores que contribuem para os salários elevados.

Os técnicos e profissionais de nível médio registram rendimento de R$ 4.148, aproximadamente 29% acima da média nacional. Esse grupo inclui ocupações intermediárias, essenciais em áreas como saúde, educação e tecnologia.

Na base da pirâmide estão as ocupações com menor exigência de qualificação. As chamadas ocupações elementares apresentam rendimento médio de R$ 1.454, menos da metade da média nacional.

Entre esses extremos, encontram-se grupos como trabalhadores dos serviços e vendedores do comércio (R$ 2.393), operadores de instalações e máquinas (R$ 2.657) e trabalhadores qualificados da agropecuária (R$ 2.250), todos abaixo da média nacional.

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