Cuiabá, 26 de Setembro de 2025

ECONOMIA Quinta-feira, 25 de Setembro de 2025, 08:06 - A | A

Quinta-feira, 25 de Setembro de 2025, 08h:06 - A | A

em ano eleitoral

BC projeta PIB de 2026 com o pior resultado em 6 anos

A projeção de uma alta menor do PIB em 2026 acontece em meio a um processo manutenção do juro em patamar elevado para conter a inflação

G1

O Banco Central (BC) reduziu de 2,1% para 2% sua estimativa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) neste ano.

A informação consta no relatório de política monetária do terceiro trimestre, divulgado nesta quinta-feira (25).

Em 2024, segundo dados oficiais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a economia brasileira registrou uma expansão de 3,4%.

Para o ano de 2026, marcado por eleições presidenciais, o Banco Central projetou um crescimento menor ainda para o PIB brasileiro: de 1,5%. Esta é a primeira vez que a instituição divulga uma estimativa para a atividade no próximo ano.

"A projeção considera a manutenção da política monetária em campo restritivo [juros altos], o baixo nível de ociosidade dos fatores de produção, a perspectiva de desaceleração da economia global e a ausência do impulso [crescimento] agropecuário observado em 2025", informou o BC, sobre a estimativa de nova desaceleração da economia em 2026.

De acordo com dados oficiais, o crescimento do BC projetado para o próximo ano, se confirmado, será o menor desde 2020 (quando houve retração de 3,3% por conta da Covid-19).

A projeção de uma expansão menor do PIB, neste ano e no próximo, acontece em meio a um processo manutenção dos juros em patamar elevado para conter pressões inflacionárias.

Representantes do BC têm dito que uma desaceleração do nível de atividade é necessária para reduzir a inflação, e trazê-la de volta para as metas.

No relatório de política monetária, o BC informou que o chamado "hiato do produto" segue positivo. Isso quer dizer que a economia continua operando acima do seu potencial de crescimento sem pressionar a inflação.

Juros elevados
O Comitê de Política Monetária (Copom) do BC manteve a taxa básica da economia, pela segunda vez seguida, em 15% ao ano, em setembro. Este é o maior nível em quase 20 anos.

O Banco Central informou que já vê efeito positivo da queda do dólar na inflação, mas segue sinalizando juro alto por período "bastante prolongado". O mercado projeta início dos cortes de juros somente em 2026.

* Pelo sistema de metas, cabe ao Banco Central (BC) ajustar os juros para manter a inflação dentro do intervalo estabelecido.
* Para isso, a instituição olha para frente, pois a Selic demora de seis a 18 meses para ter impacto pleno na economia.
* Neste momento, por exemplo, o BC já considera a expectativa de inflação acumulada em 12 meses até o primeiro trimestre de 2027.

Haddad reclama
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou, nesta semana, que há espaço para o juro básico da economia, fixado pelo Banco Central (BC) para conter a inflação, recuar.

Para ele, a taxa "nem deveria estar no atual patamar de 15%" ao ano.

* O governo Lula, que busca reeleição em 2026, teme o impacto da desaceleração no emprego e na renda da população.
* Haddad costuma dizer que a equipe econômica busca uma expansão do PIB acima de 3% ao ano.

A desaceleração na economia pode criar, também, problemas orçamentários para o governo em 2026 devido ao seu efeito de diminuir a arrecadação de impostos e contribuições federais.

* Nesta semana, a Receita Federal divulgou a arrecadação federal do mês de agosto, que apresentou queda real de 1,5% na comparação com o mesmo mês do ano passado.
* O chefe do Centro de Estudos Tributários e Aduaneiros da Receita Federal, Claudemir Malaquias, afirmou, na ocasião, que desaceleração da atividade econômica, fruto do elevado nível da taxa de juros, também influenciou negativamente a arrecadação em agosto.

Com menos arrecadação, o governo, em tese, terá mais dificuldade para atingir a meta fiscal do próximo ano, que é de um retorno ao superávit em suas contas. Por isso, pode ser obrigado a efetuar bloqueios maiores de despesas - em um ano eleitoral.

Inflação
O Banco Central também reduziu sua estimativa para a inflação oficial em 2025, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), de 4,9%, em março, para 4,8%.

Desde o início de 2025, com a adoção do sistema de meta contínua, o objetivo é manter a inflação em 3%, sendo considerado dentro da meta se variar entre 1,5% e 4,5%.

Com isso, o BC estima que a meta de inflação continuará com "estouro", ou seja, acima do teto, até o fim deste ano.

Com a inflação acima do teto do sistema de metas por seis meses consecutivos até junho, o presidente do BC, Gabriel Galípolo, precisou enviar uma carta pública ao ministro Fernando Haddad explicando os motivos do novo descumprimento da meta.

Segundo ele, a inflação brasileira ultrapassou o teto da meta (4,5%) no acumulado de 12 meses até junho devido à atividade econômica aquecida, da variação cambial, do custo da energia elétrica e de anomalias climáticas.

Para o ano de 2026, a projeção do Banco Central continuou em 3,6% (ainda acima do objetivo central de 3%).

Para o ano de 2027, a projeção do Banco Central continuou em 3,2% (ainda acima do objetivo central de 3%).

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