A polícia de Hong Kong confirmou, na manhã desta segunda-feira, a prisão de 13 pessoas por suspeita de responsabilidade no incêndio que devastou um complexo de arranha-céus residenciais em Hong Kong. O balanço é de 151 mortos até o momento, de acordo com um representante da polícia.
O número de mortos foi atualizado neste fim de semana, após a inspeção de mais três torres das oito que compõem o complexo residencial Wang Fuk Court, no distrito de Tai Po. Alguns corpos foram encontrados nos telhados e em escadarias, por onde os moradores tentaram fugir.
O órgão anticorrupção de Hong Kong informou que "consultores, subcontratistas de andaimes e um intermediário do projeto" estavam entre as oito pessoas já detidas na sexta-feira, quando as operações de resgate foram concluídas. Na quinta-feira, três homens já tinham sido detidos por suspeita de terem deixado embalagens de espuma no local do incêndio.
A imprensa noticiou que um jovem identificado como Miles Kwan, de 24 anos, foi preso pela polícia, que não se manifestou sobre a prisão.
Kwan teria sido detido sob suspeita de sedição, após ter organizado uma petição online que obteve mais de dez mil assinaturas até a tarde de sábado pedindo a responsabilização do governo, uma investigação independente sobre possível corrupção, uma revisão da supervisão da construção e reassentamento adequado para os moradores.
De acordo com a polícia, mais de 40 pessoas ainda são consideradas desaparecidas e Shuk-yin disse não "descartar a possibilidade de mais mortos", enquanto a polícia segue vasculhando o local. Em homenagem às vítimas, mais de mil pessoas compareceram ao longo das margens de um canal próximo ao conjunto habitacional para depositar flores brancas e alguns bilhetes. Hong Kong iniciou no sábado um período de três dias de luto.
— Não consigo aceitar isso. Por isso, hoje vim com meu pai e minha família para depositar flores — disse o jovem Joey Yeung, de 28 anos, à agência Reuters. — Não estou pedindo nada em troca, mas pelo menos que se faça justiça às famílias dos falecidos, àqueles que ainda estão vivos.
Muitos cidadãos ainda estão indignados com os alertas de risco ignorados e as possíveis irregularidades apontadas nas construções.
Kwan teria sido detido sob suspeita de sedição, após ter organizado uma petição online que obteve mais de dez mil assinaturas até a tarde de sábado pedindo a responsabilização do governo, uma investigação independente sobre possível corrupção, uma revisão da supervisão da construção e reassentamento adequado para os moradores.
Uma segunda petição foi lançada por um antigo morador de Tai Po, que atualmente vive no exterior. O texto dizia que "o governo deve aos cidadãos de Hong Kong uma prestação de constas genuína e explícita". Até domingo, o documento já contava com 2.700 assinaturas.
Causas desconhecidas
O incêndio, o mais mortal do mundo desde 1980, começou na tarde de quarta-feira por causas ainda desconhecidas. A polícia especula que o fogo teria iniciado nas redes de proteção que cobriam as obras de reforma do complexo, utilizadas para proteger os moradores da poeira e eventual queda de objetos.
As chamas se propagaram rapidamente para as outras torres, favorecidas, segundo as primeiras hipóteses, pelas redes, pelos painéis de espuma e pelos andaimes de bambu que são utilizados em Hong Kong, em vez dos andaimes de metal. A causa do incêndio ainda segue em investigação, e 11 pessoas foram presas. As autoridades apuram possível corrupção e uso de materiais inseguros durante as reformas do complexo.
O chefe do departamento de bombeiros, Andy Yeung, revelou que os sistemas de alarme dos oito blocos "funcionavam mal", e prometeu tomar providências.
No sábado, o chefe do Executivo da região semiautônoma, John Lee, e funcionários do alto escalão guardaram um minuto de silêncio às 8h locais, no sábado, em frente à sede do governo, onde bandeiras da China e de Hong Kong foram hasteadas a meio mastro devido à tragédia.
Hospitalizados
Dezenas de pessoas continuavam hospitalizadas no sábado, 11 delas em estado crítico e 21 em estado grave. Jornalistas da AFP viram socorristas retirando corpos dos escombros carbonizados do Wang Fuk Court, enquanto veículos descarregavam corpos em um necrotério próximo.
O governo habilitou pontos para que o público assinasse livros de condolências. Pessoas percorriam hospitais e centros de identificação de vítimas na esperança de encontrar familiares, uma vez que 89 corpos não puderam ser identificados. Diante da busca desesperada das famílias, o governo informou que a polícia ativou um sistema especial de identificação de vítimas de desastres, para localizar os desaparecidos.
Cerca de 800 pessoas receberam abrigo temporário, informou o governo, que já havia anunciado um fundo de US$ 38,5 milhões (cerca de R$ 205 milhões) em ajuda.
Multidões comovidas com a tragédia se mobilizaram em apoio às pessoas afetadas. Postos de fornecimento de roupas, alimentos e artigos para o lar foram montados em uma praça, perto das torres carbonizadas, além de cabines que oferecem atendimento médico e psicológico. Os organizadores informaram que o número de doações recebidas já era suficiente.


