O ditador da Venezuela, Nicolás Maduro, convocou reservistas, milicianos e jovens alistados a comparecer em quartéis de todo o país neste fim de semana para treinamentos de tiro diante das tensões com os Estados Unidos.
A ditadura chavista alega estar diante da ameaça de uma ação armada dos Estados Unidos, que posicionaram navios e aeronaves de combate perto de sua costa, sob justificativa de agir contra o narcotráfico.
"Todos os venezuelanos que se alistaram [...] O povo para seus quartéis para receber treinamento e aprender nos polígonos de tiro a atirar para a defesa da pátria", anunciou Maduro durante um ato transmitido pela televisão estatal na sexta-feira, 12.
O treinamento será direcionado a ensinar técnicas militares e, principalmente, a atirar, segundo o presidente venezuelano. Segundo ele, o exercício, que será realizado em 312 quartéis e unidades militares de todo o país, consistirá em treinamento para o "emprego de sistemas de armas, organização de operações, tudo o que envolve o desenvolvimento de hábitos e habilidades na implantação de operações militares durante o dia, a noite e de manhã cedo".
A convocação ocorreu um dia depois do governo anunciar o que chamou de operação militar de "resistência", chamado "Independência 200", que envolve militares e milicianos, organizados em "284 frentes de batalha", com o objetivo de "garantir a independência do país.
"Este povo não está órfão, este povo não está sozinho. Se tivermos que voltar a combater, combateremos pela liberdade da nossa grande pátria", afirmou Maduro, em um evento transmitido pela televisão na quinta-feira. "Toda a força militar da nossa Força Armada Nacional Bolivariana e sua capacidade de fogo (está) ocupando posições, fixando posições, defendendo posições, fixando planos".
Em agosto, os Estados Unidos enviaram oito navios de guerra, além de caças F-35, para o sul do Caribe para o que definiram como manobras contra o tráfico internacional de drogas.
Mas Maduro acusa os EUA de tentarem interferir em governos da América Latina em uma operação disfarçada de luta contra o narcotráfico. Há duas semanas, o presidente venezuelano afirmou que as embarcações estavam "apontadas" para a costa de seu país.
Em discurso inflamado durante um ato na sexta-feira, 12, ele disse ainda ter mobilizado "fuzis, tanques e mísseis" para uma eventual defesa de ataques vindos dos navios norte-americanos.
"Todas as armas que a República possui para se defender — fuzis, tanques e mísseis — foram mobilizados por todo o país para defender nosso direito à paz. Quem quer paz, prepare-se para defendê-la", proclamou.
O ditador venezuelano também ordenou o envio de pelo menos 25 mil efetivos das Forças Armadas a estados fronteiriços com a Colômbia e o Caribe. Convocou ainda os cidadãos a se alistarem na Milícia Bolivariana, um corpo armado composto por civis, para somar fileiras.
"Os membros da comunidade, milicianos, reservistas, jovens e pessoas que se alistaram bravamente serão destacados para as 312 unidades militares da Venezuela. Eles ficarão nos quartéis para receber o treinamento tático necessário", disse Maduro na sexta.
Segundo publicações militares especializadas, como o Instituto Internacional de Estudos Estratégicos (IISS, na sigla em inglês), a Milícia na Venezuela dispõe de cerca de 212 mil efetivos, que se somam aos 123 mil soldados dos outros quatro ramos das forças armadas.
Mas generais reformados consultados pela agência de notícias AFP estimam que, na realidade, apenas cerca de 30 mil milicianos estão bem treinados e armados nesta força altamente ideologizada, formada principalmente por aposentados, funcionários públicos e membros do Partido Socialista.