Cuiabá, 04 de Julho de 2025

INTERNACIONAL Quinta-feira, 03 de Julho de 2025, 08:47 - A | A

Quinta-feira, 03 de Julho de 2025, 08h:47 - A | A

usados por espiões

Coreia do Norte usou ‘fazendas de laptops’ para fraudar empresas de tecnologia nos EUA

R7

O Departamento de Justiça dos Estados Unidos descobriu 29 “fazendas de laptops” usadas por trabalhadores norte-coreanos de TI (tecnologia da informação) para obter empregos remotos ilícitos em empresas norte-americanas.

A ação, detalhada pelo órgão em um comunicado divulgado na segunda-feira (30), faz parte de uma operação sofisticada da Coreia do Norte que enganou mais de 100 empresas norte-americanas para financiar o programa de armas do país asiático, segundo os EUA.

De forma organizada, trabalhadores de TI (tecnologia da informação) norte-coreanos, utilizando identidades falsas ou roubadas, conseguiram empregos remotos em empresas dos EUA, gerando milhões de dólares que foram desviados para o regime de Pyongyang.

As “fazendas de laptops” são geralmente residências nos EUA usadas para armazenar e operar computadores fornecidos pelas empresas norte-americanas enganadas. Esses laptops eram controlados remotamente pelos norte-coreanos.

O termo “fazendas” é usado porque essas residências abrigavam vários laptops funcionando ao mesmo tempo, como uma espécie de “plantação” de dispositivos que geravam lucros para o esquema.

Como funcionava o esquema?

O esquema era engenhoso e contava com a colaboração de cúmplices nos Estados Unidos, China, Emirados Árabes Unidos e Taiwan, de acordo com as autoridades norte-americanas.

Os trabalhadores norte-coreanos se passavam por profissionais de TI baseados nos EUA, mas, na verdade, operavam a partir da Coreia do Norte ou da China. Para enganar as empresas, eles usaram mais de 80 identidades de cidadãos norte-americanos foram comprometidas para criar currículos e perfis falsos.

Nos EUA, facilitadores criaram empresas de fachada para que os norte-coreanos fingissem que haviam trabalhado lá. Essas companhias fictícias eram incluídas nos currículos falsos dos trabalhadores asiáticos para facilitar a contratação deles pelas organizações que foram enganadas.

Essas empresas fraudulentas também eram utilizadas para facilitar a lavagem de dinheiro do esquema. Os salários pagos pelas empresas norte-americanas eram transferidos para contas controladas pelos facilitadores, que enviavam os fundos para o regime norte-coreano.

Ações do governo

O FBI e outros órgãos norte-americanos realizaram buscas nas 29 “fazendas de laptops”, que estavam espalhadas por 16 estados, apreenderam 137 computadores, 29 contas financeiras e 21 sites fraudulentos entre os dias 10 e 17 de junho, segundo o Departamento de Justiça.

Duas acusações criminais foram anunciadas na segunda-feira. No Distrito de Massachusetts, o cidadão norte-americano Zhenxing “Danny” Wang, de Nova Jersey, foi preso por liderar um esquema que gerou mais de US$ 5 milhões (cerca de R$ 27 milhões). Cúmplices, incluindo seis cidadãos chineses e dois taiwaneses, também foram acusados.

Já no Distrito Norte da Geórgia, quatro norte-coreanos foram indiciados por roubar US$ 900 mil (R$ 4,9 milhões) em moedas virtuais de empresas de blockchain, usando identidades falsas para acessar e manipular contratos inteligentes.

“Esses esquemas são projetados para escapar de sanções e financiar os programas ilícitos da Coreia do Norte, incluindo suas armas”, afirmou John A. Eisenberg, procurador-geral adjunto da Divisão de Segurança Nacional.

Impactos e alertas

Além de financiar o regime norte-coreano, os esquemas causaram prejuízos de pelo menos US$ 3 milhões (cerca de R$ 16 milhões) às empresas norte-americanas, incluindo custos advocatícios e recuperação de redes.

O FBI e o Google estimam que milhares de agentes cibernéticos norte-coreanos estejam infiltrados no mercado global de trabalho remoto, gerando centenas de milhões de dólares anuais para Pyongyang.

O Departamento de Estado dos EUA oferece recompensas de até US$ 5 milhões por informações que ajudem a interromper essas atividades ilícitas.

Comente esta notícia