Frigoríficos brasileiros estão avaliando se vão manter as exportações de carne bovina para os Estados Unidos, disse Roberto Perosa, presidente da Associação Brasileira de Carne Bovina (Abiec), nesta terça-feira (15), à agência Reuters.
A declaração acontece menos de uma semana após o presidente dos EUA, Donald Trump, anunciar uma tarifa de 50% sobre o produto do Brasil. A nova taxa está prevista para entrar em vigor em 1º de agosto e vai valer para todos os produtos brasileiros.
Mais cedo nesta terça, frigoríficos de Mato Grosso do Sul afirmaram que suspenderam a produção de carne para os EUA. A informação foi confirmada ao g1 pelo governo do estado e pelo Sindicato das Indústrias de Frios, Carnes e Derivados de Mato Grosso do Sul (Sincadems).
Segundo o vice-presidente do sindicato, Alberto Sérgio Capucci, a paralisação apenas para o mercado norte-americano é uma medida logística para evitar o acúmulo de estoques de carne que não seriam vendidos.
Apesar disso, até o momento, a produção nacional segue normalizada.
Com taxas de Trump, vendas brasileiras aos EUA ficam inviáveis
Uma queda nas vendas não seria algo desprezível para os frigoríficos brasileiros. Os EUA são o segundo maior comprador da carne bovina nacional, depois da China: eles importam 12% de todo o volume que o Brasil vende para o exterior, enquanto os chineses levam praticamente metade (48%), segundo o Ministério da Agricultura.
A tendência é que os frigoríficos brasileiros se direcionem ainda mais para o mercado asiático, avalia Fernando Henrique Iglesias, analista do Safras & Mercados.
Mas não é só o Brasil que perde. A inflação da carne bovina para o consumidor americano está batendo recorde por causa de uma redução histórica do rebanho do país, que encareceu o preço do boi por lá – ele está custando duas vezes mais que o boi brasileiro. Daí a disparada nas importações da carne.
O Brasil não é o principal fornecedor de carne bovina dos EUA. Esse posto é ocupado pela Austrália, que não compete diretamente com a carne brasileira. Mas, enquanto os australianos vendem diretamente para os supermercados dos EUA, o Brasil fornece carne para a indústria do país.
Além disso, até agora, o preço da carne brasileira era o mais barato do mercado externo.