Cuiabá, 14 de Outubro de 2025

ECONOMIA Terça-feira, 14 de Outubro de 2025, 07:54 - A | A

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Aviação comercial

Após descartar fusão com a Azul, Gol pode fechar capital no Brasil

O conselho propôs incorporar a Gol Linhas Aéreas Inteligentes e a Gol Investment Brasil à Gol Linhas Aéreas SA para “buscar sinergias e reduzir custos”

Reuters

A companhia aérea Gol vai propor aos acionistas uma reorganização societária que pode culminar com o fechamento do capital da empresa e saída da empresa do nível 2 de governança da B3, a bolsa de valores de São Paulo, segundo comunicado divulgado na noite desta segunda-feira (13).

No documento, o conselho de administração da companhia propõe que a empresa operacional Gol Linhas Aéreas Inteligentes — principal operadora dos voos — e a Gol Investment Brasil, principal acionista da companhia aérea, sejam incorporadas pela empresa fechada Gol Linhas Aéreas SA (GLA).

 Uma empresa do Nível 2 de governança corporativa da B3 é uma companhia que segue regras adicionais de transparência e proteção aos acionistas em relação ao que a lei exige, mas não tão rigorosas quanto as do Novo Mercado (que é o nível mais alto).

A assembleia de acionistas foi convocada para aprovar a medida foi convocada para 4 de novembro, segundo o documento.

O objetivo da operação, segundo a empresa é "buscar sinergias e reduzir custos", de acordo com fato relevante.

Para a reorganização ser consumada, uma oferta pública de aquisição (OPA) deverá ser lançada pela Gol Investment Brasil e essa operação não poderá ultrapassar o valor de R$ 47,25 milhões.

A empresa afirmou ainda que um comitê formado por conselheiros independentes do grupo será criado para negociar os termos da reorganização.

Após a Gol receber um aporte de R$ 12 bilhões (ou seja, um aumento de capital, quando novos recursos entram na empresa em troca de ações), quase todas as ações passaram a estar nas mãos dos controladores.

Como resultado, apenas 0,78% das ações estarão disponíveis para negociação na bolsa, chamado o free float.

Vale destacar que a B3 exige que as empresas listadas mantenham um mínimo de ações em circulação para garantir que investidores consigam comprar e vender papéis com facilidade.

Por isso, a B3 deu um prazo até janeiro de 2027 para que a Gol aumente seu free float, emitindo ou liberando mais ações para o mercado — caso contrário, pode ser obrigada a deixar a bolsa.

 Free float é um termo usado no mercado financeiro para indicar a porção das ações de uma empresa que está disponível para negociação na bolsa de valores — ou seja, ações que não estão nas mãos de controladores, diretores ou investidores estratégicos de longo prazo.

A Gol Investment Brasil, após o aumento de capital, passou a ser titular de cerca de 99,97% das ações ordinárias da companhia e 99,22% dos papéis preferenciais.

As ações da Gol encerraram a segunda-feira cotadas a R$ 5,08 o lote de 1.000 ações, em alta de 3,7%. A B3, no final de setembro, tinha concedido prazo até 29 de janeiro de 2026 para adequação da cotação unitária da ações ao mínimo de R$ 1,00 por papel.

Fim das negociações de fusão com a Azul
O anúncio ocorre após o encerramento das tratativas de fusão entre as companhias aéreas Azul e Gol no mês passado. O Grupo Abra, controlador da Gol, esclareceu que a decisão foi tomada por conta do não avanço das negociações.

“Após a assinatura do Memorando de Entendimentos de 15 de janeiro de 2025, a Abra tem se colocado à disposição para continuar avançando nas discussões rumo a uma combinação de negócios. No entanto, as partes não tiveram discussões significativas”, disse a nota.

Além disso, o grupo também mencionou as mudanças no cenário desde a assinatura do memorando de entendimento (MoU) e o pré-arquivamento junto ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), que ocorreram em outro momento das empresas, que não é mais o mesmo.

Ainda em nota, a Abra afirmou que, mesmo com as discussões correndo em paralelo ao Chapter 11 (processo de recuperação judicial dos Estados Unidos) da Azul, não houve grandes negociações.

Em entrevista ao g1 em janeiro deste ano, o CEO da Azul, John Rodgerson, disse ver no acordo com a Gol uma saída de fortalecimento e crescimento para superar “entraves” do mercado brasileiro.

Segundo ele, a junção as duas companhias culminaria na criação de um player relevante no mercado para conseguir melhores negociações contra gigantes do setor, e também para ampliar o leque de atuação no país.

 

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