Senador pelo Rio de Janeiro, Flávio Bolsonaro (PL) reconheceu o viés político da taxação de 50% imposta pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ao Brasil. A declaração foi dada em entrevista ao GloboNews Mais nesta sexta-feira (11).
"Acho que a gente tem que entender tudo porque a sanção que o Trump impõe não é meramente econômica, todos nós sabemos. Ela tem um viés, sim, político. É claro que o Trump olha para a América do Sul e enxerga muito claramente para onde o Lula está levando o nosso país", afirmou.
Os processos do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) foram parte dos argumentos usados por Trump para impor a retaliação ao Brasil. Flávio é defensor de uma anistia "ampla, geral e irrestrita" para seu pai e para pessoas condenadas pelos ataques do 8 de janeiro de 2023.
O senador citou o que chama de interferências do Supremo Tribunal Federal (STF) durante o governo Bolsonaro a decisão que impediu o delegado Alexandre Ramagem, hoje deputado federal, de assumir como chefe da Polícia Federal (PF). E, segundo ele, isso faz parte do contexto da sansão de Trump.
"De lá para cá, foram várias e várias vezes em que houve uma interferência direta no Executivo, praticamente fazendo de tudo para dificultar um governo do presidente Bolsonaro e isso se repetiu dentro da eleição com Alexandre de Moraes, presidente do Tribunal Superior Eleitoral, desequilibrando completamente a disputa eleitoral que nós tínhamos contra o Lula", disse.
Anistia em troca do fim da taxa de 50% de Trump
Flávio Bolsonaro colocou como forma de solucionar a crise entre Brasil e Estados Unidos a aprovação de uma anistia para Jair Bolsonaro e condenados na tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022.
'"Como sai dessa enrascada? Voltando o Brasil à normalidade, para começar. Eu imagino que é isso, que é um gesto importante, aprovar uma anistia ampla, geral e irrestrita, já que na carta dele [Trump], fala claramente que é uma 'caça às bruxas' a Bolsonaro. Então vamos acabar com 'caça às bruxas' a Bolsonaro? Que é o que a gente já tinha que fazer independente de pressão externa", disse.
STF trava anistia, diz Flavio Bolsonaro
O senador voltou a culpar o ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes pelas taxas impostas por Trump devido à sua ação no tribunal. Moraes é o responsável por inquéritos no Supremo que envolvem o presidente Bolsonaro, como a tentativa de golpe de estado após a eleição de 2022.
"É uma série de coisas que não começaram de ontem para hoje. Há muito tempo que o Alexandre de Moraes vem atropelando todos os direitos e garantias constitucionais dos brasileiros, dos advogados, inclusive dos seus pares. Ele atrai o Supremo Tribunal Federal inteiro para um buraco negro que não era para estar o Supremo todo. Como uma maioria dá suporte para ele fazer o que está fazendo...", disse.
Flávio afirmou que integrantes do STF têm bloqueado o avanço de um projeto de lei para a anistia de condenados e envolvidos na tentativa de golpe de estado após as eleições de 2022. Ele falou nominalmente que Alexandre de Moraes "vive de confusão": "Ele dorme e acorda pensando em Bolsonaro, dorme e acorda pensando 'como é que eu vou fazer para prejudicar a direita no Brasil'".
"Está com a gente a bola no sentido Brasil de aprovar a anistia. Por que anistia não é nem pautada no Congresso Nacional? Porque tem ministro do Supremo que faz ameaças, inclusive no CPF, a parlamentares. Faz ameaças de que, se aprovada uma anistia, ela será declarada inconstitucional no Supremo Tribunal Federal. Se pautar hoje, a gente aprova hoje na Câmara e no Senado a anistia, ninguém quer mais confusão no Brasil. Só que parece que Alexandre de Moraes vive de confusão, ele dorme e acorda pensando em Bolsonaro, dorme e acorda pensando 'como é que eu vou fazer para prejudicar a direita no Brasil'. Isso tem que ter um limite". afirmou.
Senador diz que Bolsonaro é perseguido
Ao comentar os processos que seu pai enfrenta no Supremo, Flávio reafirmou a declaração dada por Trump de que Bolsonaro é perseguido politicamente no país. A teoria foi usada pelo norte-americano para determinar as taxas de 50% para todos os produtos brasileiros a partir de 1º de agosto.
"É óbvio que há uma perseguição e as pessoas não querem enxergar. Ele está sendo julgado por quem? Todos dão como certa a condenação dele não é pelo que está no processo, senão ele saia daquela última oitiva absolvido, livre, leve e solto. Todo mundo dá como certa a sua condenação por causa dos ministros que vão julgar. A gente não pode fingir que isso está normal, que está tudo bem, que o país está em uma democracia plena porque não está. Esta é a realidade, doa a quem doer", afirmou.
Defesa a Eduardo Bolsonaro, que está nos EUA
Segundo o senador, seu irmão Eduardo Bolsonaro, deputado licenciado nos Estados Unidos, trabalhou para que houvesse algum tipo de sansão ao ministro Alexandre de Moraes, mas que não tem nada a ver com as taxas econômicas impostas por Trump.
"O Eduardo Bolsonaro não consegue manipular o Trump, não tem nenhum controle sobre o presidente da maior democracia do mundo. Ele [Trump] que faz a análise de cenário e ele que toma à medida que acha a suficiente para atingir os objetivos dele", disse.
'Ninguém está feliz, estou angustiado'
O filho do ex-presidente Jair Bolsonaro se definiu como "angustiado" e "preocupadíssimo" com os reflexos das taxas impostas por Donald Trump. Ele destacou as sensações pelo fato de o presidente Lula ser responsável por negociar para que não ocorram impactos financeiros que prejudiquem o país.
"Ninguém está feliz com o que está acontecendo com o Brasil. Eu estou angustiado, preocupadíssimo. E estou mais preocupado ainda porque o presidente é o Lula, uma pessoa que não tem respeito, capacidade e estatura moral para negociar com o Trump. Ainda mais o perfil do (presidente dos Estados Unidos, Donald) Trump, que todos nós conhecemos: é um perfil bastante agressivo em suas negociações", afirmou.
Fala sobre bomba atômica
Durante a semana, viralizou um vídeo em que Flávio Bolsonaro cita as bombas atômicas lançadas pelos Estados Unidos no Japão, na 2ª Guerra mundial, como exemplo para o Brasil negociar com os EUA depois das taxações de 50%. Na entrevista, o senador afirmou que o trecho foi tirado de contexto.
"Sou brasileiro, sou patriota, vou defender até o fim da minha vida esse país, só que a gente não pode ver um canhão ser apontado para o seu peito e você correr para cima do canhão de peito aberto. Isso é burrice", disse.