Após ter participado na última semana da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) em Nova York (EUA) durante a semana, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) embarca neste domingo (29) para o México para acompanhar a posse de Claudia Sheinbaum como nova presidente do país.
Aliada do atual presidente mexicano, Andrés Manuel López Obrador, Claudia Sheinbaum tem 61 anos e venceu a eleição com cerca de 60% dos votos. Ela será a primeira mulher a comandar o país e foi secretária de Meio Ambiente da Cidade do México e ex-prefeita do município.
Segundo explicou a secretária de América Latina e Caribe do Ministério das Relações Exteriores, Gisela Padovan, a ideia inicial da viagem previa que Lula seguiria diretamente de Nova York para a Cidade do México, sem voltar a Brasília, pois havia acertado com Obrador uma visita ao país, mas, em razão da posse de Claudia Sheinbaum, marcada para a próxima terça (1º), a programação foi alterada.
Ainda de acordo com Gisela Padovan, além de Lula, ao menos outros 16 chefes de Estado - principalmente de países da região - devem acompanhar a posse da nova presidente.
Nos outros dois mandatos de Lula, entre 2003 e 2010, o presidente esteve duas vezes no México, em 2003 e em 2007, portanto, esta será a terceira visita ao país.
"Eu acho que é um momento muito promissor para as relações bilaterais exatamente por uma convergência de visões sobre vários temas. [...] O primeiro, até óbvio, é meio ambiente, a presidente eleita é cientista com especialização em ciência climática, [...] então, os dois países têm enormes desafios na área climática, e a circunstância de a presidente ter essa formação científica, eu acho que é elemento que o Brasil deve aproveitar e receber muito bem", afirmou Gisela Padovan.
"O segundo tema é gênero. O México é um pioneiro na paridade, entendo que tanto o Legislativo quanto o Judiciário têm pequenas maiorias em favor de mulheres. [...] E o terceiro tema, importantíssimo, é o comércio. O México é o sexto maior parceiro comercial do Brasil, quinto principal destino das nossas exportações", acrescentou a diplomata.
Segundo Gisela Padovan, entre 2020 e 2023, o comércio bilateral entre os países ultrapassou US$ 14 bilhões, o que representou crescimento de 15% na comparação com o período entre 2020 e 2022.
Agenda no México
De acordo com a Secretaria de Comunicação Social da Presidência, Lula embarca neste domingo e não deve ter compromissos oficiais no país no final de semana.
Na segunda-feira (30), Lula deve ter ao menos três compromissos:
- fórum empresarial Brasil-México;
- encontro com o presidente do México, Manuel López Obrador;
- encontro com a presidente eleita do México, Claudia Sheinbaum.
No dia seguinte, terça-feira (1º), o único compromisso previsto na agenda do presidente é a cerimônia de posse de Claudia Sheinbaum como nova presidente do México.
Segundo o Itamaraty, embora Brasil e México estejam negociando acordos nas áreas cooperação penal, cooperação policial e de povos indígenas, não estão previstas assinaturas de acordos entre os dois países.
Compromissos internacionais
Para as próximas semanas, a agenda do presidente Lula também prevê uma série de outros compromissos internacionais.
Entre 22 e 24 de outubro, por exemplo, Lula deve viajar a Kazan, na Rússia, para participa da Cúpula do Brics, grupo que reúne Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.
Esta será a primeira cúpula de chefes de Estado após a aprovação da entrada de mais países no grupo: Egito, Etiópia, Irã, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos. O ingresso da Argentina também foi aceito pelo grupo, mas o país desistiu de participar do Brics após a vitória do presidente Javier Milei.
Atualmente, o Brics representa quase metade da população do planeta e 35% do PIB global.
Além da viagem para a Rússia, a agenda internacional de Lula também prevê, em novembro deste ano, no Rio de Janeiro, a Cúpula do G20, que reúne as principais economias do mundo.
O Brasil comanda o bloco atualmente e colocou como prioridades para discussão os seguintes temas:
- inclusão social e combate à fome e à pobreza;
- transição energética e desenvolvimento sustentável;
- reforma da governança global.