Cuiabá, 24 de Dezembro de 2025

AGRONEGÓCIO Quarta-feira, 24 de Dezembro de 2025, 11:38 - A | A

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previsão climática

Calor e chuvas irregulares marcam verão no campo em 2026

Agrolink

A previsão climática para o trimestre de janeiro a março de 2026 indica um cenário de calor acima da média e chuvas irregulares em parte do país, com potencial impacto sobre culturas como o milho safrinha e o arroz irrigado. A análise foi divulgada pelo Meteored Brasil com base em nota técnica de previsão sazonal elaborada em cooperação entre o Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (CPTEC/INPE), o Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) e a Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme).

Segundo o documento, o período de verão é decisivo para o resultado da safra, uma vez que concentra etapas críticas de manejo, como definição de janelas de plantio, controle de pragas, uso da água e decisões de custo. A nota destaca que, entre janeiro e março, a variabilidade do tempo pode ser elevada, e a alternância entre semanas chuvosas e períodos secos tende a influenciar diretamente a produtividade e a qualidade das lavouras.

O cenário climático considera a atuação de um resfriamento no Oceano Pacífico associado a uma La Niña de fraca intensidade, além de sinais no Atlântico Tropical, fatores que condicionam a distribuição das chuvas no território nacional. De acordo com as informações, há maior chance de precipitações acima da média histórica em grande parte da Região Norte, no norte do Maranhão e do Piauí e no Rio Grande do Sul. Em contrapartida, a previsão indica maior probabilidade de volumes abaixo do normal em áreas do Nordeste e em uma faixa que abrange Tocantins, Goiás, Minas Gerais, Rio de Janeiro e o nordeste de São Paulo.

Em relação à temperatura, a nota técnica aponta predominância de valores acima da média em grande parte do país. Para o setor agropecuário, esse padrão tende a elevar a evapotranspiração e acelerar a perda de umidade do solo em períodos de menor chuva, além de influenciar o ciclo das culturas e o manejo fitossanitário.

No caso do milho safrinha, o Meteored Brasil destaca que a combinação entre calor persistente e chuvas irregulares aumenta o risco de estresse hídrico, especialmente em regiões do Sudeste e do Centro do país. A análise ressalta que o risco não está associado à ausência total de precipitações, mas à sua distribuição irregular ao longo do ciclo, o que pode comprometer fases sensíveis da cultura. A recomendação técnica é que decisões de plantio e manejo considerem a necessidade de ajustes constantes, acompanhando atualizações semanais da previsão e as condições observadas no campo.

Para o arroz irrigado, o relatório indica um cenário mais favorável no Rio Grande do Sul, que aparece entre as áreas com maior probabilidade de chuva acima da média no trimestre. De acordo com a análise, esse padrão pode contribuir para a reposição hídrica e reduzir a pressão sobre reservatórios, fator considerado estratégico para a estabilidade da produção. No entanto, o documento alerta que volumes elevados de chuva também podem provocar dificuldades operacionais, como restrições de tráfego nas áreas cultivadas e maior ocorrência de eventos climáticos intensos.

A nota técnica do CPTEC/INPE e os materiais do INMET lembram que, durante o verão, sistemas atmosféricos como a Zona de Convergência do Atlântico Sul podem organizar períodos prolongados de chuva, com grande variabilidade espacial e episódios pontuais de intensidade elevada. Nesse contexto, a orientação é que a previsão climática seja utilizada como instrumento de apoio ao planejamento, com revisão contínua das estratégias de manejo conforme a atualização dos boletins meteorológicos.

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