Ao longo da sua carreira de seis décadas, agraciou os nossos palcos e ecrãs com as suas representações régias de mulheres poderosas e complexas, desde Cleópatra a Isabel II e Catarina, a Grande da Rússia.
É também a única atriz a ter representado ambas as rainhas Isabel no ecrã.
Helen Mirren faz 80 anos este sábado. Por ocasião do seu aniversário, a Euronews Culture recorda os papéis memoráveis de uma atriz da realeza britânica.
Helen Mirren nasceu Lyena Lydia Mironov em Londres em 1945, filha de pai russo e mãe escocesa. A família optou por anglicizar o seu apelido para Mirren no início da década de 1950.
Começou a sua carreira no palco, ingressando no National Youth Theatre da Grã-Bretanha aos 18 anos. Ali, distinguiu-se no papel da Rainha do Egito em "António e Cleópatra", um papel que reprisou em 1998 ao lado de Alan Rickman no National Theatre.
Um ano mais tarde, entrou para a Royal Shakespeare Company, onde permaneceu durante 15 anos.
Do palco para o ecrã
Mirren conseguiu o seu primeiro papel importante no cinema na comédia-drama romântica The Age of Consent, de Michael Powell, em 1969. Mais tarde, ganhou reconhecimento pelos seus papéis como a mulher de um imperador no drama erótico Calígula, de 1979, a namorada de um gangster em The Long Good Friday e Morgana le Fay em Excalibur.
Recebeu a sua primeira nomeação para um Óscar pelo seu papel de Rainha Charlotte no filme de 1994 The Madness of King George.
A atriz casou com o realizador americano Taylor Hackford em 1997, 22 anos depois de se terem conhecido no cenário do seu drama musical White Nights.
Foi só no início da década de 2000 que Helen Mirren atingiu verdadeiramente o estrelato mundial. Conquistou os corações e as mentes do público com o seu papel principal na série televisiva policial britânica Prime Suspect.
Durante os 15 anos em que interpretou a inspetora-chefe Jane Tennison, Mirren criou "o modelo para personagens femininas complexas e convincentes no ecrã em todos os géneros", escreveu o Guardian em 2020.
Com o sucesso, vieram sempre mais honras e distinções. Ganhou três prémios BAFTA TV e dois Primetime Emmy Awards pelo seu papel em Prime Suspect.
A Rainha Isabel II nomeou-a Comandante da Ordem do Império Britânico em 2003.
Três anos mais tarde, Mirren assumiu o papel da monarca mais antiga do Reino Unido no drama de Stephen Frears, The Queen.
O seu retrato subtil da soberana nas semanas que se seguiram à morte da Princesa Diana valeu-lhe o Óscar de Melhor Atriz.
Desafiar estereótipos
Helen Mirren ganhou reputação pela sua elegância e selvageria. Muitas vezes descrita como um símbolo sexual na sua juventude, diz que nunca aplicou esse rótulo a si própria.
Nos últimos anos, desafiou os estereótipos contra as mulheres mais velhas, tornando-se o rosto da L'Oréal aos 69 anos em 2014.
Mirren também abraçou publicamente o feminismo.
"Quando eu estava a crescer, pensava-se que era incrivelmente desleixado ter sequer uma alça de sutiã à mostra. Tudo girava em torno da conformidade das mulheres", disse ela ao Telegraph em 2016.
"Adoro mulheres sem vergonha. Sem vergonha e orgulhosas!"
Sem medo de desafios, continuou a desempenhar diversos papéis, por vezes inesperados.
Foi a primeira-ministra israelita Golda Meir no filme Golda 2023, uma chefe do crime implacável na série de televisão Mobland e até a terapeuta de Kendrick Lamar no seu videoclip "Count Me Out" de 2022.
