Os Estados Unidos anunciaram o envio de 10 caças F-35 para a base de Porto Rico, no Caribe, em meio a crescentes tensões com a Venezuela. As informações foram noticiadas pela agência de notícias Reuters.
O aviso ocorreu um dia após dois caças venezuelanos F-16 sobrevoarem o destróier USS Jason Dunham no Caribe, ação classificada pelo Pentágono como “altamente provocativa” e uma tentativa de “demonstração de força”.
Além dos jatos, sete embarcações, um submarino nuclear e mais de 4.000 fuzileiros navais e marinheiros já foram deslocados para a região, em uma mobilização militar descrita pela Casa Branca como combate ao narcotráfico.
Os F-35, que devem chegar ao Caribe no final desta semana, serão usados em operações contra organizações classificadas como narcoterroristas, como o Cartel de Los Soles, do qual os EUA acusam o presidente venezuelano Nicolás Maduro de ser o líder, e o Tren de Aragua, segundo a Reuters.
Na quarta-feira (3), as forças norte-americanas atacaram um barco vindo da Venezuela, matando 11 pessoas que, segundo o presidente Donald Trump, eram “narcoterroristas” transportando drogas em águas internacionais.
O que é o F-35?
O F-35 é um caça multifuncional projetado para substituir aeronaves mais antigas, como os F-16 e A-10, da Força Aérea norte-americana, e os F/A-18, da Marinha do país. Ele combina furtividade, alta performance e uma capacidade avançada de coleta e compartilhamento de informações.
Com mais de 10 metros de envergadura e velocidade máxima de cerca de 1.953 km/h, o F-35 é equipado com sensores que proporcionam “consciência situacional sem precedentes”, dando aos pilotos uma “vantagem decisiva sobre adversários”.
De acordo com a empresa norte-americana Lockheed Martin, fabricante do F-35, o caça é um “multiplicador de forças”. Ele integra operações aéreas, terrestres, marítimas, espaciais e cibernéticas.
Os sensores, como o Sistema de Abertura Distribuída Eletro-Óptica (DAS), oferecem visão em 360 graus para alertas de mísseis e ameaças, enquanto o Sistema de Mira Eletro-Óptica (EOTS) permite detecção de longo alcance e ataques precisos contra alvos terrestres e aéreos.
O F-35 também conta com um sistema de exibição montado no capacete do piloto, considerado o mais avançado do tipo, que projeta todas as informações de inteligência e mira necessárias para a missão.
Possíveis ataques
Fontes citadas pela rede norte-americana CNN indicam que o governo Trump avalia novos bombardeios contra alvos ligados a cartéis de drogas na Venezuela
Maduro negou as acusações de que lideraria o Cartel de Los Soles e classificou a investida norte-americana como “um beco sem saída”. Ele também refutou alegações de envolvimento com o narcotráfico, afirmando que “o que estão dizendo sobre a Venezuela não é verdade”.
Trump, por sua vez, negou que o governo dos EUA busque uma mudança de regime na Venezuela, mas chamou a reeleição de Maduro de “muito estranha” e acusou o país de enviar drogas e criminosos ao território norte-americano.
O governo Trump oferece uma recompensa de US$ 50 milhões (cerca de R$ 270 milhões) pela captura de Maduro, acusado de liderar o suposto cartel. O valor foi dobrado no início de agosto.
Na sexta-feira (5), Maduro adotou um tom conciliador ao pedir que os Estados Unidos abandonem planos de “mudança violenta de regime” no país e na América Latina, segundo a Reuters.
“O governo dos Estados Unidos deve abandonar seu plano de mudança violenta de regime na Venezuela e em toda a América Latina e o Caribe e respeitar a soberania, o direito à paz, à independência”, disse Maduro durante um encontro com membros da milícia venezuelana.
Ele acrescentou que, apesar das diferenças com Trump, “nenhuma delas poderia levar a um conflito militar de grande impacto ou à violência na América do Sul”. O líder chavista disse ainda que a Venezuela está disposta a dialogar, mas exigiu respeito ao país e ao povo.