Quando a Marvel Studios revelou os primeiros vislumbres de "Quarteto Fantástico: Primeiros Passos", um detalhe chamou a atenção: a estética retrofuturista do filme.
Dos figurinos e cenários até a tipografia e cores usadas no cartaz, a linguagem visual evoca uma visão de "futuro nos anos 1960" - um mundo ultramoderno, mas imaginado no passado, com carros voadores, viagens ao espaço e robôs multifuncionais no estilo "Os Jetsons". Ou seja, era como se imaginava na época o que o futuro seria.
Mas por que a Marvel apostaria nesse visual vintage e futurista para o reboot de uma de suas equipes de super-heróis mais icônicas? A gente explica!
De volta às origens
Os anos 1960 foram marcados pela expectativa em avanços tecnológicos, na ideia de ciência como força de progresso e, claro, pela Corrida Espacial entre a Rússia e os Estados Unidos, que resultou em diversos acontecimentos, como o lançamento do Sputnik 1 (1957), a criação da NASA (1958) e a chegada do homem à Lua (1969).
E a Marvel não ficava de fora, enchendo as HQ's com raios cósmicos, planetas alienígenas e exploradores espaciais. Logo, o Quarteto Fantástico apareceu pela primeira vez na HQ Fantastic Four #1, lançada em 1961, criada por Stan Lee e Jack Kirby.
Ao adotar a estética retrofuturista, a Marvel presta homenagem ao contexto original em que o Quarteto foi criado: uma era em que astronautas eram heróis e a exploração espacial simbolizava os maiores sonhos da humanidade.
"Quarteto Fantástico: Primeiros Passos" mostra o grupo dentro desse contexto retrô-futurista, além de conflitos familiares desempenhando um papel central.
Dirigido por Matt Shankam (mesmo diretor de WandaVision), o longa tem Pedro Pascal como Reed Richards/Sr. Fantástico, Vanessa Kirby como Sue Storm/Mulher Invisível, Joseph Quinn como Johnny Storm/Tocha Humana e Ebon Moss-Bachrach como Ben Grimm/O Coisa.
E conta com a presença de outros personagens como a Surfista Prateada (Julia Garner), do robô H.E.R.B.I.E. (um robô aliado dos heróis) e o vilão Toupeira (Paul Walter Hauser).
Mas, afinal, o que é retrofuturismo?
Retrofuturismo é um estilo visual que mistura elementos do passado com visões sobre o futuro, respondendo a seguinte pergunta: "como as pessoas do passado imaginavam o futuro?"
E a reposta vem através de carros voadores, casas automatizadas, robôs, viagens ao espaço e até a famosa inteligência artificial. Esse conceito aparece em várias áreas, mas não é como negar que ele aparece mesmo é na cultura pop.
E os exemplos de produções que apostam nessa estética não são poucos, afinal, quem não lembra de "Os Jetsons"? A série animada de 1962 mostra uma família do futuro vivendo com carros voadores e robôs, mas com roupas e comportamentos típicos dos anos 60.
E isso pode ser até mais profundo do que parece, já que Os Jetsons mostra como as pessoas daquela geração fantasiavam o futuro: um mundo mais prático, automatizado e organizado, mas ainda preso a valores e comportamentos do presente deles, como a família do comercial de margarina, onde o pai que vai trabalhar e a mãe que cuida do lar, por exemplo.
Para resumir, aqui vai a definição de "retrofuturismo", de acordo com o site da Academia Brasileira de Letras: "estilo artístico e estético (do cinema, da literatura, da moda, do design, da arquitetura, etc.) caracterizado pelo resgate de elementos visuais e gráficos típicos das obras (desenhos, pinturas, fotos, livros, filmes) de temática futurista do passado, especialmente da primeira metade do século XX."
Não é a primeira vez que a Marvel aposta no retrofuturismo
Se você assistir a qualquer episódio de Loki, vai ver que a estética também está lá! O design interno da TVA (Autoridade de Variação Temporal, organização fictícia do MCU responsável por monitorar a linha do tempo) é cheio de construções brutalistas, computadores e até tecnologia analógica, mas tudo operando um multiverso inteiro.
Ou seja, a Marvel já tinha mergulhado nesse conceito, mas agora está usando ele para reconstruir uma nova jornada.
Embora o retrofuturismo possa parecer algo nichado, com o novo filme de Quarteto Fantástico, o estúdio tem a chance perfeita de fazer algo diferente em meio ao saturado universo de super-heróis. Portanto, a nova direção estética do filme não é gratuita.
Como bônus, a adoção dessa estética serve como um dos principais elementos para diferenciar "Quarteto Fantástico: Primeiros Passos" das adaptações anteriores do filme, já que essa já é 3ª adaptação dos quadrinhos no cinema.
Resta saber se a estética retrofuturista virá acompanhada de um roteiro igualmente ousada e inovador. Mas, se depender do visual, Primeiros Passos já parece ser o Quarteto Fantástico mais interessante até agora.