Cuiabá, 02 de Agosto de 2025

ENTRETENIMENTO Terça-feira, 13 de Agosto de 2024, 09:05 - A | A

Terça-feira, 13 de Agosto de 2024, 09h:05 - A | A

“FernandoS“

Irmão de Luciano Huck e marido lançam projeto musical nos EUA

Fernando Grostein Andrade e Fernando Siqueira criaram os “FernandoS“

Extra

Irmão de Luciano Huck, o diretor de cinema Fernando Grostein, de 42 anos, e o marido, o ator Fernando Siqueira, de 26, lançam juntos no próximo sábado, 17, o projeto musical “FernandoS“, em Los Angeles, nos EUA.

 O projeto inclui um filme musical experimental e um álbum duplo, ambos intitulados “Necklace” (Entrelaços), que exploram temas como música, natureza, traumas e saúde mental. O trabalho foi desenvolvido na Bahia, Rio de Janeiro, Califórnia e Utah.

Fernando Siqueira assume os vocais, enquanto Fernando Grostein Andrade cuida da produção musical e assina algumas das faixas. Os dois estão juntos desde 2016.

Em 2020, a mãe de Luciano Huck, a urbanista e professora universitária Marta Grostein, revelou numa live como reagiu ao saber da sexualidade do filho. No papo, Marta narrou o momento marcante de quando Fernando se expôs para a família durante um jantar em que estavam ela, o padrasto de Fernando, Andrea, e o irmão, Luciano Huck, quando o cineasta tinha 21 anos.

"Começamos a jantar e lá pelas tantas você falou: 'mãe, eu sou gay'. Essa revelação foi muito inesperada para mim, me pegou de surpresa, desprevenida, algo que nunca tinha passado pela minha cabeça. Imediatamente muitos fantasmas vieram à minha mente, e eu comecei a chorar. Foi a minha reação instantânea. Tudo me dava medo, um medo do que você podia sofrer na vida, do que podia te acontecer, das dificuldades que você podia passar...", lembrou Marta.

Ela seguiu explicando que, com o passar dos dias, foi percebendo o quanto o filho foi verdadeiro e corajoso para enfrentar o momento. "Me lembro muito de você dizer que não queria ser excluído do convívio das pessoas que ama. Acho que essa tua fala foi muito forte para nós".

Marta recordou que teve uma noite mal dormida e que no dia seguinte não conseguiu dar aula por não ter condições emocionais, mas que, com o tempo, "cresceu nesse processo".

"Em momento algum, a tua família te deixou de lado, pelo contrário, você continua sempre a pessoa maravilhosa, verdadeira e afetuosa que é. Não vou dizer que tudo foi fácil, porque foram muitas novidades ao mesmo tempo, e eu fui aprendendo, passei a ver as coisas com outros olhos. Eu deduzo que a gente tem que estar aberto na vida para aprender e crescer. E todo o processo de crescimento é dolorido, mas aprendemos muito nesse processo. A única forma de você vencer preconceito é enfrentar a verdade e aceitar os processos de transformações que os filhos têm".

A urbanista explicou que teve medo do filho sofrer violência nas ruas e preconceito da sociedade. "Mas depois que tudo é absorvido, tudo se torna muito normal. Todos esses fantasmas viram nada. Não foi um caminho fácil nem para você, nem para gente. Mas não quer dizer que não foi bom".

Durante o papo, Fernando relembrou um episódio de quando tinha 11 e era zoado no colégio por cultivar orquídeas. "Claro, que, cultivar flor, não é significado de ser gay, mas é uma coisa que foge do padrão do que se espera de um menino, que é jogar futebol. Mas estou falando isso para dizer que a gente sofre com homofobia também dentro da gente. Para eu chegar e contar os pais, os obstáculos tinham que ser vencidos dentro da gente", disse ele, que chamou o marido, o ator Fernando Siqueira, de 22 anos, para participar da live.

 Em livro, Luciano Huck admitiu 'choque ao saber da sexualidade do irmão

Luciano Huck foi o primeiro da família a saber que o irmão é gay. A notícia, contada pelo próprio em 1999, deixou o apresentador, então com 28 anos, em "choque". Esse episódio é narrado em detalhes no livro "De porta em porta", que Huck lançou em 2021.

"'Eu sou gay', disse assim, na lata, o meu único irmão, Fernando", iniciou o apresentador, num capítulo inteiro dedicado ao assunto.

"Quando Fernando, aos 20 anos, marcou sua posição e falou, 'olha, eu sou gay', essa é minha vida, isso não é uma escolha, esse é o meu ser, é como eu sou', eu disse: 'o.k.'. Mas, num primeiro momento, tive um certo choque - por razões que têm a ver com a forma obtusa, estúpida e quase desumana como o mundo dita as regras de comportamento, mas também porque você quer que a vida da pessoa que ama seja uma estrada asfaltada, sem buracos e pouco sinuosa. (...) No mundo em que vivemos, (...) embora isso esteja mudando, assumir-se gay ainda significa, infelizmente, enfrentar uma dose pesada de preconceito", admite o novo apresentador do "Domingão" no livro.

 No relato emocionado e cheio de lições de vida, Luciano abre o coração e admitiu, inclusive, que tinha preconceitos.

"A 'libertação' começou naquele dia em que Fernando me mostrou que não éramos nem tão parecidos nem tão próximos quanto eu imaginava. (...). Hoje, vejo o quanto os anos e anos em que fui submetido a uma espécie de pós-graduação machista - que assolou e assola minha geração e muitas outras - me tonaram incapaz de enxergar os preconceitos que pensei, disse e fiz, e, pior ainda, as coisas importantes que deixei de pensar, dizer e fazer. (...) Hoje sei que também tive medo de enfrentar meus próprios preconceitos".

"De forma estúpida, eu achava que tinha uma certa obrigação de reproduzir com ele as toxidades que havia absorvido em nome da virilidade, de uma 'tradição' abjeta que gerou multidões de homens traumatizados e, no mínimo, sexualmente confusos. (...) Dada a toda carga de referências machistas e homofóbicas que a sociedade brasileira me entregara - e o preconceito e o sofrimento que imaginei que isso traria para o Fernando e para a minha família - minha primeira sensação foi, de fato, a de perder o chão. Começa ali um embate entre tudo o que tinha entranhado em mim, fruto daquilo que hoje é chamado de machismo estrutural, e minha tentativa de tentar compreender e processar as novas informações e formar uma nova consciência", explicou.

 

 

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