Arlindo Cruz morreu nesta sexta-feira (8), aos 66 anos. A informação foi confirmada ao R7 pela assessora do filho do artista, Arlindinho. O cantor era considerado um dos nomes mais influentes no mundo do samba e estava internado.
Em 2017, Cruz sofreu um AVC (acidente vascular cerebral) hemorrágico e passou 15 meses internado. Fora dos palcos, recuperava-se das sequelas desde então.
Ele deixa a mulher, Babi Cruz, e dois filhos, Arlindinho e Flora Cruz. Ainda não há informações sobre o velório nem sobre o sepultamento do corpo do cantor.
Carreira
Criado em Madureira, no subúrbio do Rio de Janeiro, Arlindo Domingos da Cruz Filho homenageou o bairro em uma de suas canções mais conhecidas, Meu Lugar.
Nascido em 1958, ele conviveu com a MPB desde cedo por intermédio de seu pai, Arlindão, um músico amador.
Aos 17 anos, tocou na roda de samba promovida por Candeia (1935-1978), um dos mais importantes nomes da história do gênero.
Nos anos 1970, foi um dos criadores da roda de samba que passou a ocorrer na quadra do bloco carnavalesco Cacique de Ramos, na zona norte do Rio.
Dela, também participavam outros músicos, como Luiz Carlos da Vila, Beto Sem Braço, Almir Guineto, Jorge Aragão, Sombrinha, Neoci, Bira Presidente, Ubirany e Sereno, entre outros.
O encontro dos sambistas chamou a atenção da cantora Beth Carvalho (1946-2019), que passou não só a frequentar o Cacique, mas também a recolher composições para seu repertório.
No disco De Pé no Chão, lançado em 1978, Beth levou a roda de samba do Cacique para dentro do estúdio.
Pequeno desvio
Aos 15 anos, Arlindo Cruz decidiu estudar aeronáutica na escola preparatória de Cadetes do Ar, em Barbacena, Minas Gerais.
Apesar da correria do dia a dia, não deixou a música de lado: compunha nas horas vagas e até chegou a ganhar festivais na cidade e em Poços de Caldas, também em Minas.
Fundo de Quintal
Em 1981, Arlindo Cruz entrou no grupo Fundo de Quintal, onde estourou com clássicos como Bagaço da Laranja e Só pra Contrariar. Após 12 anos, decidiu seguir em dupla com o artista Sombrinha.
O sambista também se dedicava à carreira solo e participou de shows ao lado do filho, Arlindinho.
Com Zeca Pagodinho, fez outros tantos clássicos do samba e do pagode, entre eles, Dor de Amor e Camarão que Dorme a Onda Leva, este último com a participação de Beto sem Braço. Com Acyr Marques, assinou Casal Sem Vergonha.
Ao todo, teve 773 obras musicais registradas e 1.828 gravações cadastradas.
Elas foram gravadas por nomes como Beth Carvalho, Alcione, Elza Soares, Maíra Freitas, Almir Guineto e Diogo Nogueira, entre outros intérpretes.
Tributos
Em 2007, a cantora Maria Rita incluiu seis canções de Arlindo Cruz no álbum Samba Meu, o primeiro que dedicou inteiramente ao samba.
Três delas se tornaram grandes sucessos: Tá Perdoado, Num Corpo Só e O Que é o Amor?.
Maria Rita ainda gravou de Arlindo músicas como É Corpo, É Alma, É Religião e Saudade Louca.
O artista também ganhou destaque como compositor de sambas de enredo. Compôs para escolas como Império Serrano, Vila Isabel e Grande Rio.
Ao longo da carreira, gravou discos com regularidade. Em 2009, lançou dois volumes do MTV ao Vivo. Recebeu cinco indicações ao Grammy Latino.
Saúde debilitada
Em março de 2017, Cruz se preparava para viajar a São Paulo, onde faria um show em Osasco com o filho, quando o sofreu um AVC hemorrágico — que o deixou em coma induzido por duas semanas.
O sambista nunca mais subiu em um palco: teve o lado esquerdo do corpo paralisado e perdeu cerca de 30 kg. Desde então, lutava para se recuperar.
Ele deixa a mulher, Babi Cruz, e dois filhos, Arlindinho e Flora Cruz.