O gabinete do prefeito de Cuiabá se transformou em uma extensão do lar de diversas famílias atípicas na tarde de terça-feira (24). Em meio a olhares atentos, risos tímidos, lágrimas contidas e movimentos repetitivos de mãos agitadas, o prefeito Abilio Brunini sancionou, ao lado da esposa e vereadora Samantha Iris, a lei que amplia o apoio às pessoas com autismo no município.
A lei sancionada declara de utilidade pública municipal a Associação Espaço Terapêutico e Assistencial Sonhar Para Alcançar, instituição que atua no atendimento de crianças, adolescentes e adultos com Transtorno do Espectro Autista (TEA) e outras deficiências. Com isso, a entidade poderá acessar recursos, firmar convênios e ampliar sua atuação junto à comunidade. “Fica declarada de utilidade pública municipal a Associação Espaço Terapêutico e Assistencial Sonhar Para Alcançar. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação”, diz o texto sancionado.
A nova medida nasce também da vida pessoal do casal: o filho de Abilio e Samantha está no espectro. “Hoje eu assino não apenas como prefeito, mas como pai. Sei o que é ir dormir pensando se o dia seguinte será de calmaria ou de crise. Não é fácil. Mas é por isso que estamos aqui, por eles”, afirmou Abilio, visivelmente emocionado.
Samantha, autora da proposta, também falou com o coração. “Não há política pública eficaz sem escuta. E escutar essas mães, esses filhos, é um aprendizado diário. Ser mãe atípica é viver entre feridas invisíveis e uma força que parece não ter fim. Esta lei é para dar dignidade, estrutura e esperança”.
Ainda segundo a primeira-dama, ter a documentação regularizada é fundamental para parcerias "As organizações e instituições precisam se formalizar, se documentar e se organizar. Esse é o maior problema das instituições que pedem ajuda, mas não podem receber auxílio do Poder Público", destacou.
Gabriel, 11 anos, menino autista de fala doce e firme, fez questão de agradecer. “Obrigado, prefeito. Obrigado, vereadora. Agora a gente vai ter mais ajuda”. Por fim, Benjamin outra criança que participou do encontro encerrou o evento cantando baixinho "Autista não tem cara de autista; Mas tem algumas características; E quando se conhece A gente entende, inclui; respeita e tem empatia".
O evento foi pequeno em formato, mas imenso em significado. Mães tomaram a palavra, entre elas Maria Clédiga da Silva, presidente da associação. “Sabe o que é esperar por anos que seu filho diga ‘mamãe’? Quando isso não vem, a dor é silenciosa. Mas hoje a gente sente que está sendo ouvida, acolhida.”
Outra mãe, emocionada, resumiu: “Não é sobre festa. É sobre sobrevivência. Sobre não desistir quando tudo diz para você desistir”.
A sanção da lei é uma oportunidade para novas parcerias.