A produção de trigo no Sul do Brasil deverá enfrentar ajustes importantes, segundo levantamento da TF Agroeconômica. No Rio Grande do Sul, o plantio segue em ritmo acelerado, devendo alcançar pelo menos 25% da área até amanhã, mas o retorno das chuvas no sábado (14/06) deve interromper os trabalhos. Apesar do esforço, cooperativas, cerealistas e sementeiros apontam que a área cultivada no estado não deve ultrapassar 1 milhão de hectares, sendo a menor desde 2020. No mercado disponível, as negociações seguem restritas, com valores variando de R$ 1.300,00 a R$ 1.400,00 a tonelada, dependendo da qualidade e da localização, enquanto os moinhos locais já têm praticamente todo julho coberto.
Em Santa Catarina, o cenário também é de retração. A Conab projeta uma queda de 6,3% na produção, mesmo com um leve aumento de 2% na área plantada, reflexo de uma redução de 8,1% na produtividade média. A venda de sementes caiu cerca de 20% em relação ao ano anterior, reforçando o indicativo de menor produção futura. No mercado, os preços pagos aos triticultores seguem estáveis: R$ 78,00/saca em Canoinhas, R$ 75,00 em Chapecó, R$ 74,00 em Joaçaba, R$ 78,00 em Rio do Sul, R$ 78,25 em São Miguel do Oeste e R$ 80,00 em Xanxerê.
No Paraná, ao contrário do esperado, a Conab surpreendeu ao projetar um aumento de 10,7% na produção de trigo, mesmo com redução de 20,5% na área plantada, acreditando em um expressivo ganho de 39,2% na produtividade — estimativa considerada otimista pelo mercado. A comercialização no estado segue travada: produtores querem no mínimo R$ 1.550/t FOB, enquanto compradores oferecem até R$ 1.500,00/t posto moinho. Para a safra nova, há intenção de compra a R$ 1.400,00/t em outubro e R$ 1.350,00/t em novembro, mas sem vendedores interessados.
Os preços médios na pedra do Paraná recuaram 0,21% na semana, fechando em R$ 79,25/saca, enquanto o custo de produção, estimado pelo Deral em R$ 73,53/saca, ainda garante lucro médio de 7,78% ao produtor, ligeiramente menor que os 8% anteriores.