Cuiabá, 09 de Maio de 2025

OPINIÃO Terça-feira, 18 de Março de 2025, 09:43 - A | A

Terça-feira, 18 de Março de 2025, 09h:43 - A | A

ANGELO SILVA DE OLIVEIRA

O alto custo da impunidade: Por que anistiar golpistas é um risco para a Democracia?

Ao clamarem pela anistia dos envolvidos nos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023, os manifestantes não apenas tentam reescrever a história, mas também põem em xeque os fundamentos do Estado Democrático de Direito.

ANGELO SILVA DE OLIVEIRA

No dia 16 de março de 2025, uma manifestação em Copacabana, no Rio de Janeiro, reacendeu um debate inquietante sobre os limites da reconciliação nacional e os perigos da impunidade. Ao clamarem pela anistia dos envolvidos nos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023, os manifestantes não apenas tentam reescrever a história, mas também põem em xeque os fundamentos do Estado Democrático de Direito.

Conceder anistia a golpistas não é um gesto de clemência, mas um caminho que legitima a ruptura da ordem democrática. Perdoar aqueles que atentaram contra as instituições envia uma mensagem corrosiva: a violência política e a subversão da soberania popular passam a ser tratadas como meros desvios, e não como crimes graves. Essa postura desvaloriza a memória dos que lutaram por nossas liberdades e mina a confiança nas instituições que sustentam a democracia.Em uma democracia saudável, não há espaço para negociações com carrascos.

O episódio de 8 de janeiro de 2023 materializou um projeto de ruptura institucional, alimentado por mentiras, teorias conspiratórias e financiamentos obscuros. Nesse contexto, a anistia configura um precedente perigoso, capaz de incentivar novas investidas contra a ordem democrática, ao banalizar a violência como instrumento de disputa pelo poder.

Cabe destacar que a Justiça já ofereceu alternativas para aqueles manipulados a cometer crimes contra a democracia. O Ministério Público Federal firmou acordos de não persecução penal para réus primários e sem envolvimento direto em depredações ou atos violentos, permitindo que escapassem da prisão mediante a prestação de serviços comunitários, pagamento de multas e acompanhamento periódico. Assim, enquanto indivíduos levados pela retórica golpista, mas sem papel de liderança ou violência direta, tiveram a chance de responder por seus atos sem penas severas, o clamor atual por uma anistia irrestrita busca, na prática, eximir de responsabilidade os arquitetos, financiadores e incentivadores da tentativa de golpe.

Além disso, a suspeita de que recursos públicos estejam financiando a participação de políticos e servidores em manifestações pró-anistia agrava ainda mais o cenário. O dinheiro dos contribuintes, destinado a áreas essenciais como saúde, educação e segurança, não pode ser desviado para patrocinar atos revisionistas que buscam encobrir crimes contra a nação. É urgente que órgãos de controle – da CGU, CGE e CGM aos Tribunais de Contas e ao Ministério Público – investiguem a origem desses recursos e punam os responsáveis por desvios éticos e legais.

A anistia aos golpistas, seja por decisão legislativa ou por acordos políticos, representa a aceitação da barbárie como método político. A verdadeira reconciliação nacional só será possível com a punição exemplar dos responsáveis e a garantia de que os recursos públicos não sejam utilizados para reescrever ou negar a história.

A democracia brasileira clama por transparência, responsabilidade e, acima de tudo, pela preservação da memória daqueles que lutaram para evitar que os erros do passado se repitam. Este é um chamado à sociedade para que se mantenha vigilante, exigindo que a justiça prevaleça e que a impunidade seja combatida de forma rigorosa. O futuro do nosso país depende de nossa capacidade de honrar a memória, buscar a verdade e, sem concessões, defender os pilares da democracia.

(*) ANGELO SILVA DE OLIVEIRA é controlador interno da Prefeitura de Rondonópolis/MT (Licenciado), presidente de honra da Associação dos Auditores e Controladores Internos dos Municípios de Mato Grosso (AUDICOM-MT), mestre em Administração Pública (UFMS), especialista em Gestão Pública Municipal (UNEMAT) e em Organização Socioeconômica (UFMT), graduado em Administração (UFMT) e auditor interno NBR ISO 9001:2015 – Sistema de Gestão da Qualidade (GITE).

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