A presença da Inteligência Artificial (IA) no nosso dia a dia é uma realidade que só tende a crescer. Seja na vida pessoal ou no ambiente de trabalho, ela já ocupa funções importantes e se mostra cada vez mais indispensável. Há os mais otimistas e os desconfiados, mas alguns questionamentos são comuns: será que a IA está nos deixando menos criativos? Vai substituir o trabalho humano em muitas áreas?
Essas reflexões são válidas, mas há outra pergunta igualmente importante: como podemos tornar a IA mais eficiente para apoiar nosso trabalho? A resposta passa por algo que vale tanto para pessoas quanto para máquinas: a comunicação assertiva.
IA como parceira, não como substituta
Rodrigo Morais de Amorim, auditor da Controladoria Geral do Estado de Mato Grosso, graduado em Direito e em Jornalismo, acredita que a IA deve ser encarada como um parceiro de trabalho altamente qualificado. Segundo ele, a questão central é saber como orientar a IA para que ela realmente complemente as nossas habilidades.

No dia a dia, Rodrigo utiliza a IA para apoiar tarefas que vão desde a elaboração de treinamentos até a avaliação de riscos e controles, que são funções típicas da auditoria. Em um dos cursos que ministra sobre “Governança, Compliance e Integridade na Administração Pública”, ele também trata do impacto das novas tecnologias nas organizações.
O segredo está no prompt
Um aspecto central desse processo é o prompt: a instrução, pergunta ou comando que damos à IA para que ela gere uma resposta ou execute uma tarefa. Sem um prompt claro e contextualizado, até a inteligência mais avançada pode falhar.
Para que a IA realmente entregue valor, Rodrigo Amorim sugere três passos simples:
- Seja claro sobre sua intenção: explique o que você quer e qual o formato desejado.
- Forneça o máximo de contexto: inclua dados, informações sobre o público-alvo e detalhes relevantes.
- Revise e dê feedback: ajuste o que não ficou bom na primeira tentativa, oriente sobre estilo ou complemente com novos dados.
Essa forma mais assertiva de interação traz benefícios concretos:
- Mais precisão: você obtém o que realmente precisa, evitando respostas genéricas.
- Economia de tempo: menos retrabalho e revisões.
- Melhor aproveitamento da IA: a ferramenta se torna uma extensão real das suas capacidades.
- Menor risco de “alucinações”: quando a IA cria informações que não existem, algo que pode ser prevenido com instruções mais detalhadas.
Rodrigo dá um exemplo prático: ao pedir que a IA crie uma apresentação sobre os reflexos da IA na auditoria interna, ele informa o público-alvo, o estilo preferido (mais futurista) e até anexa materiais de referência para garantir a qualidade e originalidade do conteúdo.
Comunicação continua sendo habilidade essencial
Voltando à pergunta que trouxemos no início desta coluna: a IA pode substituir funções humanas na comunicação? O auditor Rodrigo Amorim lembra que a IA já escreve textos, gera imagens, cria vídeos e até apresenta slides. Mas o fator decisivo continua sendo o humano que instrui e revisa a ferramenta.
O mais importante, segundo ele, é entender como instruir a IA para que o resultado final carregue nossa personalidade, visão e estilo próprio. Dessa forma, a tecnologia se transforma em um fator de aprimoramento, e não em ameaça.
O futuro, portanto, não está em saber se seremos substituídos pela IA, mas em como vamos usá-la de forma estratégica e responsável. E, no meio de tudo isso, as habilidades humanas continuam indispensáveis: ter uma comunicação assertiva, inteligência emocional e capacidade de adaptação seguirão sendo diferenciais no mercado.