Cuiabá, 26 de Dezembro de 2025

INTERNACIONAL Sexta-feira, 26 de Dezembro de 2025, 14:59 - A | A

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no domingo

Zelensky diz que planeja se encontrar com Trump para negociações de paz

ELLOISE GUEDES DA SILVA

O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, disse que planeja se encontrar com Donald Trump na Flórida no domingo (28), como parte dos esforços para chegar a um acordo de paz para encerrar a guerra de quase quatro anos entre Rússia Ucrânia.

Falando a repórteres na sexta-feira (26), Zelensky alertou que não poderia afirmar se a reunião levará a um acordo definitivo, mas disse que ambos os lados buscariam “finalizar o máximo possível”. Mais cedo, o líder ucraniano havia demonstrado otimismo, escrevendo no X que “muita coisa pode ser decidida antes do Ano Novo”.

Zelensky disse a jornalistas que o plano de paz de 20 pontos, elaborado por autoridades ucranianas e americanas, está “90% pronto” e que planejava discutir com Trump como os aliados da Ucrânia poderiam garantir sua segurança no futuro.

Não houve confirmação imediata da Casa Branca sobre a próxima reunião. O anúncio de Zelensky ocorre após ele ter se oferecido para ceder em algumas das questões, que até agora têm paralisado o processo de paz mediado pelos EUA com a Rússia. Não está claro, no entanto, se as concessões de Zelensky satisfarão o Kremlin.

Plano de paz entre Rússia e Ucrânia

O plano de paz inicial, com 28 pontos, que surgiu em novembro após negociações entre os Estados Unidos e a Rússia, foi criticado pelos aliados da Ucrânia por favorecer fortemente Moscou. Após semanas de conversas entre autoridades ucranianas e americanas, essa versão preliminar foi reduzida ao plano atual de 20 pontos, que Zelensky afirmou poder servir como um “documento fundamental para o fim da guerra”.

Zelensky disse a jornalistas que a Ucrânia não recebeu uma resposta oficial do Kremlin à última proposta. Ele afirmou que Kiev está negociando exclusivamente com Washington, que por sua vez está se comunicando com Moscou.

“Na minha opinião, vejo agora que o acordo entre nós e os Estados Unidos está praticamente pronto”, disse Zelensky. Ele ressaltou, no entanto, que qualquer acordo de paz também precisará ser aprovado pela Rússia e pelos aliados europeus da Ucrânia.

Caso a Rússia não concorde com o plano de paz elaborado pela Ucrânia e pelos Estados Unidos, Zelensky sugeriu que mais esforços devem ser feitos para forçar Moscou a mudar de ideia. “Se a Ucrânia demonstrar que sua posição é construtiva — e a Rússia, por exemplo, não concordar, então a pressão [existente] não será suficiente”, disse Zelensky, acrescentando que deseja discutir o assunto com Trump.

As principais exigências da Rússia são que a Ucrânia abandone sua ambição de ingressar na Otan — uma perspectiva distante antes de Moscou lançar sua invasão total do país em fevereiro de 2022 — e que as forças armadas de Kiev se retirem completamente das regiões de Donetsk e Luhansk, no leste da Ucrânia, uma vasta área conhecida como Donbas. Foi nessa região que o Kremlin começou a desestabilizar a Ucrânia em 2014, ajudando separatistas pró-Rússia a obter o controle da maior parte da área. O Donbas foi finalmente anexado ilegalmente pela Rússia em setembro de 2022.

Zelensky ofereceu concessões em ambas as questões. Durante uma ampla coletiva de imprensa na terça-feira (23) para discutir o novo plano de paz de 20 pontos, Zelensky disse que a Ucrânia buscava garantias de segurança de seus aliados que “espelhassem” o Artigo 5 da OTAN — que exige que todos os membros defendam qualquer membro que tenha sido atacado —, mas que não buscaria mais a adesão plena à aliança militar.

Zelensky também afirmou que a Ucrânia estaria disposta a retirar suas tropas de partes da região de Donetsk que não estão atualmente ocupadas por forças russas. O líder ucraniano disse que qualquer retirada de tropas teria que ser recíproca, com Moscou cedendo tanto território ucraniano quanto o cedido por Kiev e essas áreas do Donbas sendo desmilitarizadas como consequência.

No início deste mês, Zelensky observou que os negociadores americanos queriam que esses territórios se tornassem “zonas econômicas livres” assim que todas as tropas fossem retiradas.

A Constituição da Ucrânia exige que quaisquer alterações nas fronteiras do país sejam aprovadas em referendo. Zelensky reiterou que “o destino da Ucrânia deve ser decidido pelo povo ucraniano” e afirmou que os aliados da Ucrânia “têm poder suficiente para pressionar a Rússia ou negociar com os russos” para garantir que qualquer plebiscito desse tipo possa ser realizado em segurança.

Por sua vez, o Kremlin tem demonstrado poucos sinais de estar disposto a recuar em suas exigências. Há semanas, autoridades russas insistem que a Ucrânia retire todas as suas tropas do Donbas, o que entregaria a região completamente ao Kremlin.

Questionado sobre as negociações de paz, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse que Yuri Ushakov, assessor de política externa do presidente Vladimir Putin, conversou com membros do governo Trump depois que Moscou recebeu as últimas propostas de um acordo. Peskov não informou quando a conversa ocorreu.

 

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