A inteligência militar da Ucrânia divulgou na terça-feira (16) novos detalhes sobre o Geran-3, drone de ataque a jato desenvolvido pela Rússia. Segundo o órgão, o equipamento contém quase 50 componentes de origem estrangeira e foi projetado para resistir a técnicas de guerra eletrônica usadas para neutralizar aeronaves não tripuladas.
O Geran-3 é inspirado no modelo iraniano Shahed-238 e começou a ser visto na Ucrânia no início deste ano. Desde então, tornou-se parte central dos ataques russos. Diferente da versão anterior, o Geran-2, que funciona com hélice, o novo drone é movido por motor turbojato e atinge velocidades de até 370 quilômetros por hora, com alcance de cerca de 1.000 quilômetros. A arma transporta explosivos e é projetada para detonar no momento do impacto.
O HUR, agência de inteligência militar ucraniana, informou que o drone acelera principalmente em regiões cobertas por defesas aéreas e na fase final do voo. Apesar das melhorias, o sistema interno do Geran-3 mantém semelhanças com o modelo anterior, incluindo câmera e transmissão de vídeo.
A principal diferença, segundo o HUR, está no sistema de navegação por satélite, que se mostrou resistente às interferências eletrônicas usadas por ambos os lados da guerra. A investigação também identificou a presença de peças produzidas em países ocidentais como Estados Unidos, Reino Unido, Suíça e Alemanha.
Componentes chineses também foram identificados. Kiev acusa Pequim de fornecer tecnologia militar crítica à Rússia, o que é negado pelas autoridades chinesas.
Desde a invasão em 2022, Moscou tem sido alvo de sanções internacionais, mas especialistas afirmam que peças fabricadas no exterior podem chegar ao país por meio de rotas indiretas fora do controle de governos e fabricantes.
Segundo autoridades ucranianas, Moscou já produz milhares de drones inspirados em modelos iranianos todos os meses e tem capacidade de lançar centenas em ataques coordenados. Um dos maiores bombardeios registrados neste mês envolveu mais de 800 drones, e estimativas de inteligência ocidentais apontam que esse número pode dobrar.
Em resposta, a Ucrânia tem acelerado a produção de drones interceptadores, considerados uma alternativa de baixo custo para defesa aérea. Há relatos de que esses equipamentos já conseguiram derrubar o Geran-3 em operações recentes.
