Cuiabá, 02 de Agosto de 2025

INTERNACIONAL Sexta-feira, 01 de Agosto de 2025, 11:29 - A | A

Sexta-feira, 01 de Agosto de 2025, 11h:29 - A | A

guerra na ucrânia

Sem citar Trump, Putin diz que há 'expectativas exageradas' sobre negociações de cessar-fogo

Presidente russo rejeitou nesta sexta (1º) pressões do ocidente pelo fim da guerra na Ucrânia, e afirmou que míssil hipersônico Oreshnik está sendo produzido em massa

G1

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, afirmou nesta sexta-feira (1º) que "há expectativas exageradas" sobre as negociações por um cessar-fogo na guerra da Ucrânia. Com a fala, o líder russo minimizou a pressão feita por Donald Trump, que deu até 8 de agosto para ele encerrar o conflito.

"Se alguém está decepcionado com as conversas de paz, isso vem a partir de expectativas infladas", afirmou Putin, sem citar diretamente o presidente dos Estados Unidos, em conversa com jornalistas.

A fala de Putin ocorre em meio a uma crescente pressão exercida pelo presidente americano, que disse estar "decepcionado" com o líder russo. Trump ameaçou impor "tarifas severas" de 100% sobre a Rússia caso contrário, o que aumentaria as sanções econômicas aplicadas ao país desde fevereiro de 2022, quando invadiu a Ucrânia —o governo russo desdenhou das ameaças. 

Apesar da pressão, o líder russo afirmou que os objetivos russos na Ucrânia não mudaram e que as tropas russas continuam avançando ao longo de toda a linha de frente da guerra. A fala pode ser uma alusão às exigências feitas aos ucranianos para um cessar-fogo imediato, que incluem anexar cerca de 20% do território da Ucrânia, impedir o rival de ingressar na Otan e forçar sua desmilitarização.

Putin disse também que a Rússia terminou de produzir a primeira leva de mísseis hipersônicos Oreshnik —revelado em ataque a Dnipro em novembro de 2024—, e os projéteis já estão nas mãos de seu Exército —outro claro indicativo de que não tem intenção de encerrar o conflito tão cedo. Ainda segundo o presidente russo, mísseis do modelo serão enviados a Belarus até o fim do ano.

Ao mesmo tempo, Putin disse enxergar de forma positiva as negociações diretas com os ucranianos pelo fim do conflito, por ter permitido a repatriação de prisioneiros de guerra, e espera que as tratativas continuem para buscar uma "paz duradoura" na região. Esse tipo de declaração, frequentemente repetido por autoridades russas, alude à contemplação total dos requisitos da Rússia —considerados inaceitáveis pela Ucrânia e aliados.

O avanço militar russo na Ucrânia acelerou pelo quarto mês consecutivo em julho, sendo o maior desde novembro, segundo análise da agência de notícias AFP com base em dados do Instituto para o Estudo da Guerra (ISW, na sigla em inglês). No mês de julho, o exército russo conquistou 634 km² do território ucraniano. Em junho, foram 588 km², em maio 507, em abril 379 e outros 240 em março.

Pressão de Trump contra Rússia

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, aumentou nos últimos dias a pressão contra o governo russo de Vladimir Putin para finalizar o quanto antes da guerra na Ucrânia.

Na terça-feira, Trump deu a Putin um prazo de 10 dias para encerrar o conflito, caso contrário, ele promete aplicar “tarifas severas” de 100% à Rússia e a seus parceiros comerciais. O diplomata dos EUA na ONU, John Kelley, confirmou ao Conselho de Segurança da entidade o prazo delimitado por Trump, que termina no dia 8 de agosto.

“Estou dando 10 dias para o [presidente Vladimir] Putin a partir de hoje”, disse Trump na terça-feira. O prazo termina em 8 de agosto. Segundo ele, o próximo passo será impor as tarifas.

Os 10 dias são uma redução significativa do prazo inicialmente dado por Trump a Putin, de 50 dias, em meados de julho. À época, um assessor de Putin classificou a medida como “ultimato teatral”. A redução pode ser lida como uma impaciência de Trump com a Rússia.

Quando questionado sobre a possibilidade de um encontro com o líder russo para discutir o fim do conflito, Trump respondeu: “Não estou mais tão interessado em conversar com Putin”.

As ameaças de Trump geraram uma nova troca de farpas de guerra direta entre EUA e Rússia. Dmitry Medvedev, ex-presidente russo e aliado de Putin, disse que "cada novo ultimato de Trump é um passo em direção a uma guerra direta", e que Moscou ainda possui o sistema soviético de retaliação nuclear, conhecido como "Mão Morta", com alto poder de destruição. Em resposta, Trump disse que Medvedev "está entrando em um território muito perigoso" com as declarações.

Desde o início da guerra, em março de 2022, os EUA impuseram uma série de sanções econômicas à Rússia, o que dificultou o comércio entre os dois países. Por causa disso, segundo a Casa Branca, os russos não foram incluídos no tarifaço anunciado por Trump em abril.

Apesar das restrições, os dois países ainda mantêm relações comerciais. Em 2024, o comércio bilateral somou US$ 3,5 bilhões, com a compra e venda de produtos como fertilizantes, metais e até combustível nuclear, segundo dados do Escritório do Representante Comercial dos EUA.

 

 

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