Cuiabá, 21 de Maio de 2025

INTERNACIONAL Terça-feira, 20 de Maio de 2025, 10:01 - A | A

Terça-feira, 20 de Maio de 2025, 10h:01 - A | A

programa nuclear

Líder supremo do Irã critica exigências 'absurdas' dos EUA e põe em dúvida possível acordo

Aiatolá Ali Khamenei disse não acreditar que negociações nucleares trarão resultados. Principal ponto de desacordo é sobre o tema do enriquecimento de urânio pelo Irã

G1

O líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, afirmou nesta terça-feira (20) que as exigências dos Estados Unidos para que Teerã se abstenha de enriquecer urânio são "excessivas e absurdas" e colocou em dúvida o sucesso das negociações sobre o programa nuclear iraniano, segundo a mídia estatal iraniana.

"Não acredito que as negociações nucleares com os EUA trarão resultados. Não sei o que vai acontecer", disse Khamenei. O líder supremo afirmou ainda que Washington deveria evitar fazer exigências absurdas nas conversas.

Apesar das expectativas por uma quinta rodada de negociações neste fim de semana em Roma, as conversas entre Irã e EUA sobre o programa nuclear iraniano se encontram em situação instável, já que os dois países continuam em desacordo sobre o tema do enriquecimento de urânio.

O vice-ministro das Relações Exteriores do Irã, Majid Takht-Ravanchi, afirmou na segunda-feira que as negociações fracassarão se Washington insistir que Teerã abandone o enriquecimento doméstico de urânio —algo que os EUA consideram um possível caminho para o desenvolvimento de armas nucleares. Teerã, por sua vez, sustenta que seu programa nuclear tem fins exclusivamente pacíficos.

O presidente iraniano, Masoud Pezeshkian, afirmou nesta terça-feira que "o Irã jamais cederá a pressões externas e não privará seus cidadãos dos benefícios da tecnologia nuclear", em áreas como saúde, agricultura e indústria, segundo a agência estatal Irna.

Mais cedo nesta terça-feira, outro vice-ministro iraniano, Kazem Gharibabadi, disse que Teerã recebeu e está analisando uma proposta dos Estados Unidos. Na semana passada, o presidente dos EUA, Donald Trump, declarou que o Irã precisava "agir rapidamente ou algo ruim acontecerá".

Trump já alertou repetidamente que o Irã será bombardeado e enfrentará sanções severas caso não aceite um acordo para resolver seu programa nuclear controverso.

Durante seu primeiro mandato (2017–2021), Trump retirou os EUA do acordo nuclear firmado em 2015 entre o Irã e as potências globais, que impunha limites rigorosos às atividades de enriquecimento de Teerã em troca da suspensão de sanções internacionais.

O ex-presidente norte-americano considerava o acordo de 2015 desequilibrado, favorecendo o Irã, e restabeleceu amplas sanções econômicas contra o país. Em resposta, a República Islâmica intensificou seu programa de enriquecimento.

A quarta rodada de negociações entre Irã e EUA, terminada no dia 11 de maio, foi descrita como "difícil, mas útil". O Irã quer o cancelamento das sanções econômicas contra o país e garantias de que vai poder continuar enriquecendo urânio. Os Estados Unidos querem que o regime se comprometa a não desenvolver armas nucleares.

Histórico do acordo

Em 2015, o governo iraniano fechou um acordo com os americanos e outros países sobre o tema, prevendo a suspensão das sanções em troca do controle de suas atividades nucleares. No entanto, o pacto tornou-se obsoleto após a retirada unilateral dos Estados Unidos em 2018, durante o primeiro mandato de Donald Trump. Além disso, o acordo expira em outubro, 10 anos após ter entrado em vigor.

Ao voltar à Casa Branca neste ano, Donald Trump determinou o restabelecimento de uma política de pressão máxima contra o Irã. Em março deste ano, o presidente americano disse que quer chegar a um novo acordo com o Irã, mas ameaçou bombardeá-lo se o processo diplomático falhasse. O governo iraniano, por sua vez, declarou que responderá a qualquer agressão.

Segundo a ONU, o Irã está próximo de desenvolver armas nucleares. O governo iraniano nega a intenção de produzir artefatos do tipo e afirma que seu programa nuclear tem fins pacíficos e civis.

Os dois países, inimigos há quatro décadas, iniciaram essas negociações em 12 de abril, com a mediação do sultanato de Omã. Na segunda reunião, também não houve acordo, mas decidiu-se por um novo encontro no dia 26 de abril, com a participação de técnicos e especialistas.

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