A ditadura de Kim Jong-un está envolvida em comércio ilegal de animais selvagens, que inclui espécies protegidas por suas próprias leis. A prática já é vista como uma ameaça à recuperação da biodiversidade na Coreia do Norte, segundo um novo estudo divulgado agora.
A Coreia do Norte possui um sistema regulatório de áreas e espécies protegidas, no entanto, ele é regularmente violado por pessoas que caçam e capturam animais selvagens para consumo pessoal ou comércio no mercado negro, seja internamente ou para venda a compradores na China.
Além disso, o próprio Estado norte-coreano está envolvido e lucra com a captura e o comércio de espécies ameaçadas de extinção, protegidas pela legislação nacional ou internacional. Entre as espécies protegidas relatadas como parte do comércio estatal de vida selvagem, estão o urso-negro-asiático, o goral-de-cauda-longa e a lontra-eurasiana.
Comércio de vida selvagem
Desertores norte-coreanos que participaram do estudo, publicado na Biological Conservation, relataram que a ditadura de Kim Jong-un recebe animais selvagens e partes de seus corpos de caçadores sancionados pelo estado e de comunidades locais.
Isso inclui espécies legalmente protegidas na Coreia do Norte, como gorais-de-cauda-longa – mamíferos com cascos semelhantes a cabras – e lontras-eurasianas. Essas espécies têm sido usadas no país, por exemplo, como peles na fabricação de roupas de inverno.
O governo norte-coreano também opera fazendas de animais selvagens, incluindo lontras, faisões, veados e ursos-negros asiáticos. Acredita-se que a Coreia do Norte tenha começado a criar ursos para extrair sua bílis no século XX, antes que a prática se espalhasse para a China e a Coreia do Sul. A bílis de urso tem sido usada em várias medicinas tradicionais asiáticas, como a coreana e a chinesa.
A China é o principal mercado internacional para o comércio de animais selvagens da Coreia do Norte, com produtos como carne, peles e partes de corpos para uso na medicina tradicional.
Parte desse comércio viola os compromissos da China como parte da Convenção sobre o Comércio Internacional de Espécies da Fauna e da Flora Selvagens em Perigo de Extinção (Cites) e membro do Conselho de Segurança da ONU. A Resolução 2397, por exemplo, proíbe a exportação de alimentos da Coreia do Norte.