A ex-conselheira e professora Tônia Galleti disse que suspeitou das fraudes no INSS ainda em 2021 logo após assumir o mandato de integrante no Conselho Nacional da Previdência Social e que fez inúmeros alertas, tanto no governo Bolsonaro quanto no governo Lula. Em entrevista à CBN, Galleti disse que, como nada foi feito, adotou a medida que classificou como 'extrema' de levar a pauta ao próprio colegiado, em junho de 2023.
O Jornal Nacional mostrou que o ministro da previdência, Carlos Lupi, foi alertado, em 2023, sobre o aumento de descontos não autorizados de aposentados e pensionistas, mas só tomou providências quase um ano depois. Foi Tônia Galleti que levou o tema ao conselho e pediu que os acordos de cooperação firmados entre o INSS e as entidades agora investigadas fossem analisados. Mas ouviu de Lupi que a pauta da reunião já estava fechada. A conselheira reforçou, mas mesmo diante das denúncias, o ministro disse que era preciso fazer um levantamento mais preciso. À CBN, disse que poderia ter evitado o tamanho do estrago descoberto agora. Mas lamentou que ficou de mãos atadas.
A primeira providência tomada pelo INSS foi em março do ano passado, quando o esquema já era investigado pela Controladoria Geral da União. Naquele mês, o órgão suspendeu NOVOS acordos de cooperação e deixou mais rígidas as regras para firmar esses acordos, mas a suspensão daqueles sob suspeita só ocorreu na semana passada após operação da Polícia Federal.
Com o avanço das denúncias, a oposição no Congresso apresentou requerimento para que Carlos Lupi seja convocado a prestar esclarecimentos e pressiona pela saída do ministro. A CPI para apurar as fraudes já conta com 140 assinaturas.
Até aliados admitem que Carlos Lupi pode ser exonerado já que a permanência dele pode desgastar ainda mais o governo. E dizem que Lula deve tratar sobre o caso nos próximos dias. Ministros dizem, no entanto, que o presidente deve saber o nível de informação que Carlos Lupi tinha e os motivos de não ter interrompido a fraude antes de demitir o ministro.