A Polícia Federal passou a investigar o presidente nacional do União Brasil, Antonio Rueda, no âmbito da operação que revelou um esquema bilionário de fraudes e desvios no setor de combustíveis.
Rueda teria ligação com membros do PCC (Primeiro Comando da Capital) e é suspeito de ter emprestado aeronaves a integrantes da facção criminosa, segundo o piloto Mauro Caputti Mattosinho, responsável por denunciar empresários e políticos que estariam supostamente envolvidos no esquema.
Um dia após o assunto ganhar repercussão nacional, o partido ordenou que integrantes que fazem parte do governo deixem seus cargos.
A sigla deu 24 horas — a partir dessa quinta (18) — para que filiados ao partido se desvinculem do governo federal. Atualmente, Celso Sabino, que comanda o Ministério do Turismo, é o único ministro que integra o partido, mas a determinação se estende a quem ocupa cargos em demais órgãos da administração pública.
A determinação prevê punições em caso de descumprimento, sob a justificativa de infidelidade partidária.
A “recomendação” pode se estender aos ministros Waldez Góes (Integração e Desenvolvimento Regional) e Frederico de Siqueira (Comunicações), que, embora não sejam filiados ao União, tiveram indicações do presidente do Senado, Davi Alcolumbre, uma das principais lideranças do partido.
A ordem antecipa a decisão do início de setembro da federação, formada por União e PP, de desembarcar do governo Lula. Sabino e o titular dos Esportes, André Fufuca (PP), deveriam deixar os cargos no prazo de um mês.
Denúncia
A investigação contra o presidente do União Brasil começou após a denúncia do funcionário de uma empresa de táxi aéreo. Mauro Caputti Mattosinho disse que aeronaves registradas em nome de terceiros na verdade pertencem a Rueda.
Dois integrantes do PCC que teriam usado as supostas aeronaves de Rueda são Roberto Augusto Leme da Silva, conhecido como “Beto Loco”, e Mohamad Hussein Mourad, do antigo grupo Aster/Copape — apontados como chefes de um esquema bilionário de combustíveis ligado ao PCC. Ambos foram alvos de operações da PF e do MPF (Ministério Público Federal) no mês passado.
Em uma primeira nota divulgada sobre o assunto, o partido disse que associar o nome de Antonio Rueda à operação Carbono Oculto é “irresponsável”.
A operação reforçou a ligação entre a frota de aviões e o PCC. A investigação mirou fraudes e desvios no mercado de combustíveis, que teriam movimentado mais de R$ 52 bilhões entre 2020 e 2024.
Na quinta, a direção nacional do União Brasil manifestou solidariedade e disse que as informações “infundadas” são para “desgastar a honra e a imagem” de Rueda.
Sobre o afastamento de filiados do governo, a sigla afirmou que é um momento “legítimo, democrático e amplamente debatido nas instâncias partidárias”.