Cuiabá, 13 de Novembro de 2025

AGRONEGÓCIO Quarta-feira, 12 de Novembro de 2025, 08:58 - A | A

Quarta-feira, 12 de Novembro de 2025, 08h:58 - A | A

Laranja

Entenda por que preço pago pela indústria no mercado brasileiro caiu em novembro

Caixa de 40,8 quilos de laranja, que vinha sendo negociada em torno R$ 50, foi ajustada para patamares próximos de R$ 45, na árvore, na primeira semana de novembro

G1

Os preços da laranja pagos pelas indústrias no mercado brasileiro caíram no início de novembro. A análise é do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq) do campus da USP em Piracicaba (SP), divulgada em análise mais recente sobre as cotações do setor. As exportações do suco da fruta também recuaram. Veja na análise, abaixo, na reportagem.

A caixa de 40,8 quilos de laranja, que vinha sendo negociada em torno R$ 50, foi ajustada para patamares próximos de R$ 45, na árvore, na primeira semana de novembro.

"A pressão vem da demanda externa mais lenta, associada à maior oferta de fruta para processamento", observa pesquisadores do Cepea.

 Exportações
Entre julho e outubro de 202, as exportações brasileiras de suco de laranja totalizaram 283,2 mil toneladas em equivalente concentrado. O volume representa redução de 7,1% sobre o mesmo intervalo da temporada anterior.

As exportações brasileiras de suco de laranja, entre julho e setembro de 2025, tiveram desempenho menor do que o observado na parcial da safra deste ano quando comparado à temporada anterior. A receita com os embarques do produto recuou cerca de R$ 15%.

O início da safra, por outro lado, é marcado por novo panorama dos países destinos. Os Estados Unidos e a Europa mantiveram, neste ano, o mesmo volume comprado, aponta o Cepea.

 "Pela primeira vez em vários anos, os embarques aos Estados Unidos e à União Europeia se igualaram, com aproximadamente 48% de participação cada em volume", analisa o Cepea.

Veja detalhes, abaixo:

De acordo com dados da Comex Stat, o volume de suco embarcado totalizou 199,7 mil toneladas em equivalente concentrado, queda de 4% frente a igual intervalo do ano anterior, e a receita recuou 15%, para US$ 751,3 milhões.

"A retração no montante recebido por exportadores reflete o enfraquecimento dos preços internacionais, diante da ampliação da oferta global e do comportamento mais cauteloso de compradores, sobretudo os europeus", afirma o Cepea.

Suco sem tarifaço
Ainda segundo estudos dos pesquisadores do setor de hortifrúti do Cepea, a isenção da sobretaxa de 40% manteve os embarques aos Estados Unidos. Mas, os produtos derivados, óleos e farelo, seguem penalizados pela alíquota de 50%.

Diante desse contraste, os pesquisadores do Cepea ressalta a importância de acordos bilaterais que garantam competitividade.

"Apenas o suco de laranja, mas não seus subprodutos, foi isento da sobretaxa de 40%, permanecendo sujeito à tarifa de 10% acrescida da taxa fixa de US$ 415 a tonelada", detalharam os pesquisadores do Cepea em boletim de agosto.

"Entre resiliência e prudência, o setor exportador entra em nova fase: menos euforia, mais estratégia. O futuro dependerá da inovação e da conquista de mercados em um ambiente de margens estreitas", completam.

 Mudança nos destinos
O destaque do início da safra, indicam pesquisadores do Cepea, foi a mudança na composição dos destinos.

"O avanço de 13% nas vendas ao mercado norte-americano, mesmo com a manutenção da tarifa residual de 10%, evidencia a elevada dependência dos Estados Unidos do suco brasileiro", indica o Cepea.

"Já a União Europeia, tradicional principal destino, mostrou retração de 8%, influenciada pela redução da demanda após os altos preços e problemas de qualidade observados na safra anterior", completa.

Safra anterior
O volume de suco de laranja exportado pelo Brasil na safra 2024/25, que se encerrou em junho deste ano, foi o menor em quase 30 anos, mas a receita com os embarques foi recorde. O futuro do setor de citrus, no entanto, segue incerto.

 Agentes do mercado nacional já demonstravam incerteza quando o novo tarifaço foi anunciado pelo Presidente Donald Trump. - Entenda mais, abaixo.

Na comparação com a safra anterior, a receita cresceu 28,4%, totalizando US$ 3,48 bilhões, conforme estudo do Cepea no início de julho deste ano.

Oferta restrita: apesar do cenário de incerteza quanto à recuperação plena do consumo externo de suco e de uma safra 'turbulenta', nas palavras dos pesquisadores da Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz" (Esalq-USP), o impacto da elevação de 10% nas tarifas foi minimizado pela oferta restrita do Brasil, que sustentou os embarques.

Agentes do setor de citricultura, consultados pelo Cepea, demonstraram receio de que demanda internacional não se restabeleça completamente.

"Ora devido à estagnação do consumo, ora pelos efeitos ainda indefinidos dos aumentos tarifários implementados pelo governo Trump sobre produtos brasileiros", analisam.

"No entanto, permanece incerta a magnitude dos efeitos de um possível aumento tarifário para patamares de até 50% sobre o suco de laranja, especialmente diante da perspectiva de maior produção nacional nas próximas temporadas", destacam.

Assim, ainda conforme o Centro de Pesquisas, o acúmulo de divisas oriundas das exportações na temporada 2024/25 foi extremamente favorável, permitindo ao setor uma capitalização importante frente aos desafios futuros.

O que é o greening
O greening é uma bactéria considerada a mais destrutiva da citricultura mundial. Os sintomas dela podem ser observados nas folhas de pés de laranja, por exemplo, que apresentam um aspecto amarelado, e nas flores, que ficam secas e murchas. A bactéria afeta a saúde da planta e a produção de frutos.

"A doença é transmitida por um inseto vetor, pelo psilídeo, e é justamente nessa região de Limeira, Avaré e Bebedouro, esse 'miolo' do estado de São Paulo, onde são capturadas as maiores populações de inseto. Consequentemente a gente tem as maiores taxas de transmissão", explica Guilherme Rodriguez, supervisor de projetos do Fundecitrus, em entrevista à EPTV em setembro de 2024.

 

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